Magro e forte: a diferença entre força e massa muscular

Um magrinho pode ser mais forte do que um saradão, já que aumento de volume muscular nem sempre é sinônimo de aumento de força.

Por Wilson Weigl

Como é que alguns caras são realmente muito fortes, mas não aparentam? Pois um magro pode ser mais forte do que um saradão, já que volume muscular nem sempre é sinônimo de força.

Nunca subestime os magrinhos. Não se sabe a dimensão da força escondida sob uma aparência miúda. Embora o ganho muscular conduza sempre a aumento de força, o ganho de força nem sempre produz aumento de massa muscular. Daí que aquele magrinho da academia pode ser um dínamo de força, sem ter músculos tão desenvolvidos quanto os caras supermalhados.

Esse é um incentivo para os magros que querem desenvolver um físico atlético, ganhar força e resistência muscular (com inúmeros benefícios para a saúde em geral), sem ficar musculoso. E também para quem tem dificuldade em ganhar massa. A equação é simples: basta treinar com consistência e adotar uma dieta regrada.

Um bom exemplo é Bruce Lee (1940-1973), ator e maior lutador de artes marciais de todos os tempos. Até hoje, nenhum atleta o superou na combinação de destreza, força, agilidade e potência de combate. Lee tinha um corpo magro, “seco” e compacto — media 1,70 m de altura e pesava 62 kg — mas conseguia executar flexões de braço apoiado em apenas um dedo, fazia um saco de boxe de 150 kg bater no teto com um chute e, nas lutas, arremessava um oponente a 5 metros.

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Homens magros com grande força, como os carregadores, levantam cargas pesadas, mas nem sempre são musculosos. No esporte, jogadores de basquete e ginastas olímpicos (capazes de suportar o peso do corpo em manobras complicadíssimas) também são exemplos de força sem grande volume muscular. Do lado oposto, não se pode dimensionar o nível de força de um fisiculturista, que compete em campeonatos, baseando-se apenas na sua musculatura.

A força não é somente um subproduto do tamanho dos músculos, pois seu potencial de desenvolvimento também é determinado por fatores genéticos e orgânicos, como as conexões neurais, quando o sistema nervoso é eficiente em recrutar as fibras musculares no esforço, mesmo que o tamanho do músculo seja relativamente pequeno.

Alguém não muito musculoso pode ter uma coordenação neuromuscular extraordinariamente competente em acionar os grupos musculares certos, na sequência certa, no tempo certo — tanto nos treinos quanto no esporte ou nas atividades diárias. Essa capacidade de gerar força não induz necessariamente ao crescimento do volume muscular.

No entanto, para tornar os músculos maiores e mais fortes também é preciso energia extra para desafiá-los com cargas pesadas. Quem está dentro ou acima do peso obtém essa energia a mais da gordura corporal, que “alimenta” o ganho muscular. Mas como os magros não têm gordura corporal sobrando, precisam obter mais calorias da alimentação. Isso se chama “bulking”: o aumento da ingestão calórica nas refeições, que gera aumento de peso e, consequentemente, de força muscular (para saber mais sobre o bulking, leia aqui).

Como nem todo homem que faz academia quer ser — ou consegue ser — uma montanha de músculos, busca apenas ter um físico mais atlético e ganhar força e resistência, dá para resumir tudo numa única afirmação: sim, é possível ser muito forte sem necessariamente ser sarado. Treine com consistência, alimente-se bem, descanse e você com certeza chega lá.