Getting your Trinity Audio player ready...
|
Sair beijando um monte de gente desconhecida em festas, baladas e no Carnaval aumenta consideravelmente o risco de contrair doenças, até graves.
Por Wilson Weigl
Fotos: Deposit Photos
Nada mais gostoso do que um bom beijo. Faz bem para a saúde mental e afetiva e até para autoestima e o ego, quando se é beijado por várias pessoas numa mesma noite! Isso porque sair beijando um monte de gente se tornou programa nas festas, baladas e no Carnaval, especialmente quando se está embalado pelo álcool ou por alguma das inúmeras drogas recreativas. Mas há algum problema em partir pegando geral? Infelizmente, sim: beijar muitas pessoas diferentes aumenta consideravelmente o risco de contrair doenças, até mesmo graves.
“Foi só um beijinho!” é o que todo mundo diz. Mas nem todo mundo tem noção do perigo que mora no contato bucal, principalmente com parceiros desconhecidos. “O beijo pode ser via de transmissão de várias doenças infecciosas, principalmente quando se tem algum machucado na região oral”, alerta Gabriell Bonifacio Borgato, professor de Odontologia do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp), do interior de São Paulo, que oferece cursos de graduação e pós-graduação em diversas áreas.
Passados pelos lábios e pela saliva, patógenos como vírus, bactérias e fungos causam doenças de diferentes graus de gravidade, segundo Borgato. As doenças de maior risco de transmissão são herpes bucal e mononucleose, definitivamente transmitidas pelo beijo.
LEIA TAMBÉM
- Masturbação sem culpa, só prazer
- Por que temos ereção de manhã?
- 7 curiosidades sobre sexo e o corpo do homem
- Quantas vezes dá para fazer sexo em seguida?
- O que sua posição sexual preferida revela sobre você
Como nada se sabe sobre a boca — ou bocas — que se vai beijar, é preciso ter cautela e critério. Deve-se não apenas evitar o contato com pessoas com evidentes lesões na boca ou sintomas de doenças — mesmo uma aparentemente mera gripe — como também ficar esperto ao sair para a festa com algum problema bucal. Inflamações como aftas e gengivite deixam a mucosa bucal sensível e facilitam a entrada dos micróbios.
As doenças mais comumente transmitidas pelo beijo são:
Mononucleose
Conhecida popularmente como “doença do beijo”, acomete principalmente pessoas entre 15 e 25 anos por meio de um vírus transmitido pela saliva. Pode causar mal-estar, febre, tosse, dores de cabeça e garganta e ser confundida com outras doenças respiratórias comuns, como gripe. Algumas pessoas podem nunca apresentar sintomas mas mesmo assim transmiti-la pelo beijo.
Como em todas viroses, não há medicamentos específicos contra a mononucleose. O tratamento se limita em controlar os sintomas com antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatórios. É necessário também repouso, porque a doença afeta o fígado e o baço.
Herpes labial
Em sua forma bucal (porque também há o genital), o herpes se manifesta pelo aparecimento de pequenas bolhas ou feridas nos lábios (parecidas com espinhas), que regridem e cicatrizam em alguns dias.
As estatísticas da doença são assustadoras. Quase toda a população mundial é portadora do vírus HSV-1 (90%, para ser exato), embora ele se manifeste em só 40% dos infectados. A pessoa infectada nem sempre apresenta algum indício de ser portadora do vírus, mas o contágio acontece quando as lesões se manifestam.
A infecção inicial, em quem nunca teve contato com o vírus, pode causar alterações sistêmicas, como dor de cabeça, febre e mal-estar.
O herpes não tem cura: o máximo que dá para fazer é diminuir a intensidade e encurtar o tempo das lesões com o uso de remédios antivirais, em forma de comprimido via oral e/ou creme aplicado na área da lesão. A ação dos medicamentos é inibir a replicação do vírus, impedindo que ele se multiplique livremente e a infecção dure mais.
Sífilis
Infecção bacteriana grave, é mais conhecida por ser uma IST (infecção sexualmente transmissível). Apesar de a principal forma de contágio ser o sexo sem camisinha, também pode ser contraída no beijo, através de pequenas feridas na boca. Se a sífilis não é diagnosticada rapidamente, seu avanço causa problemas cardiovasculares, neurológicos e ósseos que podem levar à morte.
Quando a boca é o local de entrada da bactéria, a doença costuma se manifestar por meio de lesão que aparece de 10 a 90 dias após o contágio.
O tratamento consiste na aplicação de injeções de antibiótico (penicilina benzatina, conhecida como Benzetacil), às vezes em dose única, quando a doença ainda está em seus primeiros estágios.
“É preciso ficar atento ao aparecimento de feridas tanto externamente na região dos lábios quanto dentro da boca”, explica o professor Gabriell Borgato, do Ceunsp. Ao perceber alguma lesão bucal, deve-se procurar um dentista, que consegue reconhecer se o problema é meramente bucal ou possível sintoma de alguma outra doença e instruir a procura de outro profissional de saúde para o correto diagnóstico.
Existem ainda outras doenças que podem ser transmitidas pelo contato com a pessoa infectada, a exemplo de caxumba, rubéola, catapora, meningite e até mesmo cárie dental. Portanto o cuidado é estar prevenido sobre os riscos e caprichar na higiene bucal caso se queira partir para a beijação.
Seja o primeiro a comentar