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Sexo é bom e saudável. Mas o desejo sexual obsessivo e fora de controle, que atrapalha a vida, pode ser sinal do transtorno mental chamado de hipersexualidade.
Por Wilson Weigl
Quem não gosta de sexo? O contato sexual é uma prática básica, instintiva e saudável do ser humano. Mas quando a vontade — ou a necessidade — de transar se torna uma compulsão que chega a atrapalhar a vida pessoal, o trabalho e os relacionamentos? O desejo sexual obsessivo e fora de controle define o transtorno mental chamado de hipersexualidade.
A condição atinge cerca de 5% da população — 80% são homens — e é conhecida por outras denominações, como desejo sexual hiperativo, vício em sexo, transtorno hipersexual, dependência sexual e comportamento sexual compulsivo. Desde 2018 é classificada como distúrbio de saúde mental pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O transtorno pode se manifestar não apenas na busca de relações sexuais mas também pela masturbação compulsiva ou o vício em pornografia. Muitas vezes todos esses sintomas se manifestam ao mesmo tempo.
O primeiro obstáculo para identificar o distúrbio é a dificuldade de separar a sexualidade saudável da hipersexualidade, pois o problema não está relacionado ao nível da libido nem à frequência de relações sexuais. Para algumas pessoas pode ser normal fazer sexo todo dia, enquanto outras se satisfazem com uma vez por mês. Os dois extremos são absolutamente normais.
Como é impossível estabelecer uma medida quantitativa para identificar o transtorno, a ciência recorre à avaliação do impacto que a atividade sexual tem na vida da pessoa — para os hipersexuais, quase sempre esse impacto é negativo.
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Numa vida sexual saudável, pode-se fazer sexo todos os dias, várias vezes por dia, sem nenhum problema, principalmente quando é consensual com um(a) parceiro(a) que goste da mesma frequência. Já para os portadores do distúrbio o sexo é buscado mais como alívio do que prazer.
A vontade beira a obsessão e a abstinência deixa na pessoa um vazio psicológico que causa ansiedade e pensamentos depressivos. Mesmo após a relação sexual, a pessoa não se sente saciada e continua sentindo desejo. A troca de parceiras(os) sexuais também pode ser um sintoma de hipersexualidade.
O compulsivo sexual muitas vezes sabe que seu desejo é desproporcional, mas não consegue controlá-lo — a dependência de sexo é comparada a de álcool ou drogas. Um estudo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP mostrou que mais de 70% dos pacientes com diagnóstico de compulsão sexual apresentam outro distúrbio psiquiátrico, como ansiedade, depressão e transtorno de humor.
Os especialistas afirmam que a hipersexualidade pode ser causada por múltiplos fatores (até genéticos) e, principalmente, pelo desiquilíbrio de neurotransmissores cerebrais, como dopamina, serotonina ou norepinefrina, que regulam os estados de humor.
Sinais da hipersexualidade
- Perceber que seu comportamento sexual está impactando negativamente o equilíbrio psicológico, os relacionamentos pessoais ou o trabalho.
- Gastar muito tempo e energia buscando sexo.
- Sentir que depende de fazer sexo e outras atividades não preenchem mais em comparação com as relações sexuais.
- Fracassar ao tentar controlar ou limitar o comportamento sexual.
- Ocupar-se de sexo quando deveria trabalhar, passear ou se divertir com amigos.
- Buscar relações cada vez mais intensas e frequentes.
- Sentir mal-estar psicológico ao ficar sem fazer sexo.
- Masturbar-se compulsivamente ou dedicar muito tempo a pornografia.
- Prosseguir com o comportamento excessivo mesmo percebendo que está sendo prejudicado.
O tratamento da hipersexualidade é o mesmo de outros tipos de dependências, como drogas ou álcool. O diagnóstico só pode ser feito por um psicólogo ou sexológo a partir do relato do indivíduo, porque não existem sintomas físicos ou exames laboratoriais que confirmem o problema.
Quando é preciso consultar um especialista? É difícil estabelecer um momento ou um sinal específico. Ter muita disposição para o sexo ou alta frequência sexual não são necessariamente sintomas do problema. Talvez a única forma de identificá-lo seja a percepção pessoal de que o sexo está afetando demais a vida e estamos perdendo o controle sobre essa necessidade básica, instintiva e saudável do ser humano.
Fotos: Deposit Photos
Ao contrário do que possa parecer, mas o “excesso” de transa ou masturbacao, pode ocorrer para aliviar a ansiedade ou quando a depressão já chegou a minar a vontade de trabalhar e/ou lazer! Afinal somos energia e quando deixa de ser canalizada para o “dia a dia” é focada na sexualidade!