A maioria dos homens deixa de aplicar protetor em regiões que podem sofrer queimaduras e desenvolver manchas, sardas, rugas e — pior de tudo — câncer de pele.
Por Wilson Weigl
Você passar filtro solar direitinho toda vez que toma sol, na praia, na piscina ou mesmo quando sai na rua. Certo? Mas será mesmo? Porque a maioria dos homens esquece de aplicar protetor em regiões do corpo que podem sofrer queimaduras, desenvolver manchas, sardas, rugas e — pior de tudo — câncer de pele.
A exposição solar sem proteção adequada é o mais importante agressor da pele, pois leva a um dano cumulativo, que é a soma do sol que se vem tomando desde criança. “Ele provoca mutações no DNA das células, com consequente envelhecimento precoce e desenvolvimento de câncer. E a única forma de proteção é o uso do filtro solar em todas as partes do corpo expostas à radiação, sem esquecer de nenhuma”, afirma Roberta Padovan, médica pós-graduada em Dermatologia e Medicina Estética.
Além disso, a exposição diária da pele ao sol é até mais perigosa do que a eventual (na praia, por exemplo), por causa desses danos cumulativos. Mais ainda: segundo as pesquisas médicas, basta se queimar feio uma vez só, ficar vermelho e ardido, para detonar a pele. Ainda nos primeiros 20 minutos embaixo do sol, a radiação já diminui as defesas da pele e o estrago se intensifica a partir de 3 horas de exposição. É o momento em que começam uma alteração irreversível dos melanócitos (células protetoras que dão cor à pele) e a tal mutação do material genético. Por isso as consequências ruins podem surgir anos depois.
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Nenhuma parte do corpo que é frequentemente exposta à radiação solar está protegida do câncer de pele. Ele é o tipo mais frequente no Brasil, correspondendo a 30% de todos os tumores malignos. Felizmente a maioria dos casos são de tipos não melanoma (CPNM), não tão agressivos quanto o melanoma (MC), que penetra fundo na pele e pode levar células cancerosas à corrente sanguínea, onde se instalam em outras partes do corpo (metástase).
“A proteção solar adequada deve ser feita efetivamente com a cobertura de todo o rosto e corpo, complementada pelo uso de óculos de sol, boné ou chapéu”, explica Roberta Padovan. Como você vai ver abaixo, até lábios, orelhas, couro cabeludo e a área dos olhos são susceptíveis ao câncer,
Confira quais são as 7 áreas do corpo que frequentemente são esquecidas quando se passa filtro solar, segundo a médica.
Orelhas
Provavelmente as mais negligenciadas na proteção solar, ao longo do tempo podem apresentar feridas causadas pela exposição ao sol que podem degenerar em câncer “Por isso, preste atenção ao aplicar (e reaplicar!) o protetor em cada curva e cantinho da orelha e invista também num chapéu com abas largas para protegê-las”, ensina Roberta.
Pálpebras e cantos dos olhos
A incidência de câncer de pele nas pálpebras e na região dos olhos está aumentando: já correspondem a 5% a 10% dos casos globais da doença.
Mas como passar protetor solar nos olhos? Aliás, a pele em volta dos olhos é mais fina e sensível do que do resto do rosto.
Uma proteção eficaz é sempre usar óculos de sol com proteção UV, que não resguardam apenas os olhos e córneas (que também sofrem degeneração pela luz solar), mas protegem a pele das pálpebras do câncer.
Outra opção é usar creme anti-idade para contorno dos olhos que ofereça também proteção solar (eles têm geralmente FPS 15). Formam uma boa dupla junto com os óculos escuros.
Região da boca e lábios
Na região ao redor dos lábios e no bigode, o protetor deve ser bem aplicado para prevenir a formação de manchas e evitar ou suavizar as rugas chamadas de “código de barras” (rugas verticais no contorno do lábio superior) e também o “bigode chinês” (linha que vai das narinas aos cantos da boca).
Os casos de câncer nos lábios são bastante frequentes e aparecem em forma de lesões avermelhadas ou descamação. Por isso, deve-usar hidratantes labiais com FPS, alerta a doutora Roberta.
Dorsos das mãos
Essa é uma das regiões do corpo que mais sofrem com o processo de envelhecimento causado pelo sol. A pele do dorso da mão, ao contrário da palma, é bem fina e também uma das que mais denunciam a negligência em esquecer de passar filtro, sendo uma das primeiras a apresentar rugas e manchas.
Na praia, todo mundo passa protetor com as palmas das mãos, mas esquece de passar na parte de cima. Pior ainda, é no dia-a-dia, não passar quando se dirige. Ao volante, as mãos recebem a radiação solar praticamente o tempo todo. A constante exposição ao sol é a principal causa do aspecto envelhecido das mãos de muitos homens.
Nuca e pescoço
Parece incrível, mas é comum passar filtro nas costas e no peito e esquecer da nuca e do pescoço. Lembre-se de aplicar generosamente o produto nesses lugares, porque a nuca fica tão exposta ao sol quanto as costas e o pescoço é uma das áreas em que mais fica evidente o mau cuidado com a pele, com rugas e flacidez.
Dorsos dos pés
Sabe a situação de ficar embaixo do guarda-sol com os pés para fora, recebendo a radiação diretamente? Erro. Muitos homens também não passam filtro nos pés porque não gostam da melação com areia. Alguns até passam, mas depois de molhar os pés na água do mar ou de caminhar na areia o protetor já foi embora.
A dica é passar o filtro no pé limpo e seco ainda em casa, antes de pisar na areia.
Couro cabeludo
Quem é careca ou tem cabelo muito ralo também costuma esquecer de passar protetor na cabeça, não só na praia como no dia-a-dia. E o câncer de couro cabeludo é mais comum do que se pensa.
Sempre que sair de casa, proteja a careca com protetor. Esse cuidado também é fundamental para evitar queimaduras e vermelhidão, não só câncer. Na praia, proteja a cabeça o tempo todo com boné ou chapéu.
Como garantir proteção eficiente
Os dermatologistas estabelecem para a exposição solar um horário recomendado, mas na prática bastante difícil de seguir: antes das 10 horas da manhã e depois das 16 horas, porque nesses períodos existe uma menor incidência da radiação ultravioleta B. “Das 10h às 16h, há a combinação da radiação ultravioleta B, que provoca queimaduras e vermelhidão, com a radiação ultravioleta A, de raios mais curtos e mais longos, que causa envelhecimento da pele e maior risco de câncer”, afirma Roberta Padovan.
O filtro solar deve ser aplicado no mínimo 30 minutos antes da exposição solar direta e reaplicado a cada 2 horas ou após 20 minutos na água. Precisa ter FPS de no mínimo 30 — peles mais claras devem usar FPS 50. Os dermatologistas faz tempo não recomendam mais o uso de FPS 15 e 20.
O protetor precisa oferecer defesa eficiente contra as radiações UVA e UVB, mas também deve proteger da luz visível (parte da radiação solar que permite enxergar os objetos) e dos raios infravermelhos — “é que o que se chama de proteção de amplo espectro, que deve estar descrita na embalagem”, finaliza a médica.
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