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Já se sentiu no “banco de reservas” com alguém? A situação em inglês chama-se “benching”, “ficar no banco”. Nas relações, significa “esperar sentado” por outra pessoa.
Por Wilson Weigl
Fotos: Deposit Photos
Imagine que você está altamente interessado por uma pessoa. Talvez já tenha tido um encontro (até feito sexo com ela) ou só se comunica por mensagens ou aplicativos. Mas você sente que não é a primeira – ou talvez nem a segunda – escolha dela. Mesmo assim essa pessoa insiste em mantê-lo por perto como uma opção de “backup”. E dá a você apenas migalhas de interesse, atenção e carinho, só o suficiente para mantê-lo interessado – ou até apaixonado.
Essa situação chama-se em inglês de benching, “ficar no banco”, como no banco de reservas de um time. Aplicado aos relacionamentos, benching é algo como “esperar sentado”: a situação em que uma pessoa mantém alguém em espera ou em reserva enquanto explora outras opções românticas. A pessoa nunca admite abertamente que não está interessada, mas não nos deixa “entrar em campo.
A comunicação é intermitente – para e recomeça de tempos em tempos – e quase sempre inclui convites para encontros, jantares ou cafés que na última hora nunca acontecem. São as tais migalhas de interesse, que também tem nome em inglês: breadcrumbing, algo como “deixar migalhas”. As desculpas são sempre elaboradas, envolvem agendas lotadas, prazos de entrega de trabalhos ou problemas familiares. Quem está “esperando sentado” acha que é se trata apenas de uma questão de tempo e que a coisa vai desenrolar.
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E as chamadas de última hora? De repente, do nada a pessoa entra em contato com você para fazer convites – até para sexo. Muito provavelmente algum outro plano que ela tinha não deu certo e você, no “banco”, é chamado para “entrar em campo”.
O benching e o breadcrumbing sempre existiram, mas nunca em um nível tão alto como hoje. Aplicativos de paquera, mídias sociais e ferramentas de comunicação como o whatsapp exacerbaram essas práticas. Pode-se conversar com alguém todos os dias, durante meses ou até anos, e nunca se ver pessoalmente, mesmo morando na mesma cidade.
Ficar no banco costuma ser motivo de sofrimento. A experiência pode nos colocar em uma verdadeira montanha-russa emocional de incerteza e confusão, quase sempre exaustiva. A não ser que se sinta confortável em ser reserva em vez de titular, você pode sentir sua autoestima abalada ou até questionar sua capacidade de conquistar e agradar. Pode até se culpar e achar que é você fazendo algo errado.
Essas pessoas precisam alimentar seu ego e tendem a ser narcisistas (leia aqui o post sobre narcisismo). Quase sempre não têm a menor intenção de estabelecer uma relação com outra pessoa – nem com você, nem com ninguém. São sedutores profissionais. Pode ser até que você não saiba, mas a pessoa pode ter uma legião de “contatinhos” e, como você, vários outros pretendentes no banco de reservas. Mídias sociais e apps de encontros permitem a disseminação do benching por facilitar o contato com vários “parceiros” com o mínimo de esforço.
Pense se ela e o procura quando algo acontece e precisa falar com alguém. É possível que isso faça você se sentir valorizado, mas e se fosse ao contrário? Essa pessoa também lhe daria atenção e ajuda?
Sentiu que está só no “banco”? Comunique-se honestamente e seja franco com a pessoa. Diga a ela que está se sentindo à margem e pergunte objetivamente o que ela sente sobre você e o que está procurando. Cuidado com as desculpas esfarrapadas. Mas se você perceber que as respostas não são honestas, vai economizar muita confusão, tempo e energia.
Será que vale a pena investir nesse tipo de relacionamento? Mas primeiramente seja honesto consigo mesmo – pode ser assustador! Não é você que nutre expectativas irrealistas ou fantasias? Como em qualquer separação, você pode enfrentar um processo de luto. É possível que essa pessoa tenha ocupado um lugar importante em sua vida, apesar de tudo. Mas certamente você ficará melhor sozinho – apesar de até decepcionado – do que permanecer indefinidamente em benching.
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