A primeira impressão é a que fica. Isso é verdade?

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O cérebro tem um processo automático de analisar e julgar alguém por uma só característica que chama a atenção, como beleza ou carisma. É o Efeito Halo.

Homem No Espelho - EFEITO HALO

Por Wilson Weigl

Fotos: Deposit Photos

Alguma vez já presumiu que uma pessoa bonita e carismática também fosse bem-sucedida ou inteligente? Ou se sentiu inclinado a gostar de alguém à primeira vista apenas por uma atitude calorosa ou um sorriso cativante? Então já sentiu a poderosa influência do Efeito Halo, também chamado de Auréola.

Esse é um processo automático que o cérebro tem de analisar, julgar e definir uma pessoa a partir de uma única característica que chama a atenção, como beleza, carisma, simpatia, eloquência ou elegância. É como se essa qualidade formasse em volta da pessoa um halo ou auréola, o círculo de luz celestial nas cabeças de santos e divindades.

Confirmando o ditado “a primeira impressão é a que fica”, um único momento impressionante à primeira vista pode ser suficiente para definir todo um julgamento sobre alguém. A percepção de uma qualidade pressupõe a existência de outras, mesmo sem nenhum indício concreto.

Homem No Espelho - EFEITO HALO

Mesmo que se tenha consciência do Efeito Halo, é impossível evitar sua influência em nossas percepções e decisões. O que pode resultar em conclusões precipitadas e falsas suposições ou a “enquadrar” uma pessoa à primeira vista em estereótipos universais generalizações preconcebidas — com base em um único elemento, como aparência, postura e jeito de se vestir ou falar.

O sugestionamento provocado pelo Efeito Halo revela como o cérebro usa atalhos e simplifica informações complexas para “trabalhar” menos. Embora possa ser útil nos contatos sociais, a simples dedução baseada na primeira impressão sobre aparência, roupa ou linguagem corporal pode provocar imediata atração ou rejeição num primeiro encontro ou em outras interações sociais.

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O Efeito Halo também se aplica a áreas como imagem de marca, marketing de influenciadores e celebridades, investimentos, serviços médicos, entrevistas de emprego, ensino escolar e atendimento ao cliente. Em todos esses setores, um único atributo pode determinar uma avaliação positiva ou negativa.

O Efeito Halo negativo

O Efeito Halo nem sempre é positivo e funciona também em sentido contrário, quando uma única característica desfavorável prejudica negativamente a percepção geral sobre algo ou alguém. Nesse caso, é chamado de Efeito Chifre (em inglês “horn effect”), que remete à imagem de um diabo chifrudo.

Homem No Espelho - EFEITO HALO

Esse viés adverso chega a influenciar a opinião coletiva sobre uma empresa ou figura pública: é comum uma falha ou escândalo arruinar uma reputação, obscurecendo todas as realizações positivas anteriores.

É da natureza humana

O Efeito Halo está profundamente enraizado na natureza humana por fatores evolutivos e psicológicos.

Na Pré-história era vital para os homens das cavernas serem capazes de rapidamente distinguir aliados e inimigos. Essa capacidade de processar impressões na velocidade da luz os ajudava a sobreviver em um ambiente hostil. Se na Idade da Pedra essa habilidade era essencial, pode ser problemática no mundo moderno, levando a preconceitos e erros de julgamento.

Quanto aos mecanismos psicológicos, nosso cérebro foi projetado para simplificar a imensa complexidade do mundo. Recebemos uma enxurrada de informações e precisamos processá-las rapidamente, categorizando fatos, coisas e pessoas, para adaptarmos o comportamento à situação.

Com foi descoberto o Efeito Halo

A teoria do Efeito Halo foi formulada em 1920 durante a Primeira Guerra Mundial pelo psicólogo Edward Thorndike em um estudo sobre os critérios usados pelos comandantes do Exército ao avaliar os subordinados segundo qualidades como liderança, aparência física, inteligência e lealdade.

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Thorndike observou que uma percepção positiva sobre uma característica influenciava positivamente as outras, e vice-versa. “Se vemos uma pessoa em primeiro lugar em uma boa luz, é difícil escurecer essa luz”, afirmou o psicólogo na época.

A auréola da beleza

Uma das manifestações comuns do Efeito Halo é atribuir traços positivos a pessoas fisicamente atraentes, segundo o princípio de que “o bonito também é bom”.

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Um estudo publicado no Journal of Applied Psychology revelou que garçons bonitos ganhavam uma média 1.200 dólares a mais em gorjetas do que seus colegas. Outro estudo descobriu até que num julgamento criminal os jurados são propensos a acreditar que réus atraentes não são culpados dos delitos.

No entanto, esse estereótipo de atratividade pode ser uma faca de dois gumes. Outros estudos mostram que pessoas bonitas também provocam o Efeito Chifre, estimulando conclusões precipitadas de que são narcisistas, arrogantes ou propensas a usar a atratividade para manipular os outros.

Como evitar o Efeito Halo?

O primeiro passo é reconhecer que esse viés existe, se manifesta nas primeiras impressões e pode influenciar decisões e causar erros de julgamento. Quanto melhor se souber quais situações acionam o gatilho do Efeito Halo, mais fácil será reconhecê-lo e minimizá-lo.

Em vez de se deixar guiar pelas primeiras impressões, procure ter uma visão mais completa sobre a pessoa, ainda que demorada — juízos precipitados geralmente acontecem sob pressão do tempo.

Evite conclusões precipitadas e falsas suposições ou a “enquadrar” uma pessoa à primeira vista em estereótipos universais generalizações preconcebidas — com base em um único elemento, como aparência, postura e jeito de se vestir ou falar.

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