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Aumento muscular e ganho de força estão interligados, porque muitas vezes ocorrem ao mesmo tempo. No entanto, os dois treinos têm objetivos diferentes.
Por Wilson Weigl
Fotos: Deposit Photos
Treino de força e de hipertrofia não são a mesma coisa. A gente vê o pessoal malhando na academia mas não sabe quem optou por qual modalidade. A primeira tem o objetivo de deixar o corpo mais forte e a segunda visa aumentar o tamanho dos músculos. Coisas diferentes, mas que andam juntas.
Qual o melhor dos dois treinos? Depende do seu objetivo. O treino de hipertrofia é mais indicado se você quer aumentar o volume muscular, ao passo que o treino de força é preferível se quer desenvolver essa aptidão física.
O ganho de força pode ocorrer sem aumento muscular (embora quanto maior a musculatura, maior seu potencial de desenvolver força). E por outro lado, o crescimento dos músculos não é fator principal para o aumento da força.
Hipertrofia e melhora de força estão interligados, porque muitas vezes ocorrem ao mesmo tempo. Priorizar a hipertrofia não significa que você não verá ganhos na força. E vice-versa. Quando se treina para hipertrofia, o crescimento muscular geralmente aumenta a força. Por outro lado, ao treinar força a capacidade de mover cargas pesadas pode promover mais volume muscular.
Em geral os professores das academias combinam as duas variantes ao montar os treinos, dando ênfase a uma ou outra de acordo com o objetivo e o nível de condicionamento do aluno, seja iniciante ou veterano.
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Os treinos são diferentes em vários aspectos, como você vai ver adiante. Em resumo, um treino de hipertrofia prioriza usar menos peso em mais repetições para estimular o crescimento das fibras musculares, enquanto um treino de força privilegia levantar cargas bem pesadas em menos repetições para melhorar a capacidade muscular de exercer tensão contra uma resistência, movimentando ou erguendo um peso.
Muitas vezes não é perceptível a relação entre tamanho e força muscular. Diferentemente do que se pensa, músculos desenvolvidos e aparentes não são evidência de força, e vice-versa. Homens muito fortes, como os carregadores, levantam cargas pesadas sem necessariamente serem musculosos. Também são exemplos de força sem grande volume muscular os jogadores de basquete e os ginastas olímpicos (que sustentam o peso do corpo em manobras complicadas). Do lado oposto, não se pode dimensionar a força de um fisiculturista, que compete em campeonatos, baseando-se apenas no volume de sua musculatura.
No entanto, ao priorizar um ou outro tipo de treino há algumas diferenças a considerar de acordo com seu objetivo de fitness.
Qual o objetivo do treino de força?
O foco do treino de força é aumentar a capacidade muscular provocando uma adaptação neuromuscular que leva o corpo a usar o máximo de fibras musculares para superar uma resistência (como um peso). Mais fortes, os músculos também conseguem trabalhar por períodos mais longos antes de ficarem fatigados. O desenvolvimento da força desempenha papel fundamental na maioria dos esportes e também nas ações cotidianas, como carregar malas ou erguer caixas, por exemplo.
Qual o objetivo do treino de hipertrofia?
É o aumento do volume ao submeter os músculos a tensões que causam danos às fibras musculares. Em resposta ao estresse, ocorrem processos de reparação dessas microlesões que fazem os músculos crescerem e se fortalecerem para se defender e se preparar para uma possível nova “agressão”. À medida em que o treino evolui e fica mais pesado, maior vai ficando o músculo para resistir à sobrecarga progressiva.
Em que pontos diferem os treinos?
As duas variantes se distinguem na equação entre as cargas usadas, o número de séries e repetições dos exercícios e a duração dos intervalos de descanso. Essas variáveis determinam o nível e o tipo de estresse imposto aos músculos, levando a adaptações neuromusculares que os fazem se fortalecer ou ganhar volume.
Características do treino de força
- Cargas moderadas a pesadas (com 85% a 100% da capacidade de peso para uma única repetição).
- Menor quantidade de séries: em geral, de 3 a 6 séries por exercício.
- Menos repetições em cada série: de 1 a 5 repetições.
- Intervalos de descanso prolongados: em geral, de 3 a 5 minutos, para permitir a recuperação total.
- Menor número de treinos por semana.
Características do treino de hipertrofia
- Cargas leves a moderadas (com 75% a 85% da capacidade de peso para uma única repetição).
- Maior quantidade de séries: em geral, de 3 a 6 séries por exercício.
- Mais repetições em cada série: de 6 a 12 repetições.
- Descansos mais curtos: em geral, de 60 a 90 segundos, para manter a intensidade.
- Maior número de treinos por semana.
No treinamento de força, treinar até a falha é quando se tenta alcançar a geração máxima de força através de poucas repetições. Na hipertrofia, chegar à falha acontece após executar mais repetições.
Os benefícios dos treinos de força e hipertrofia são diferentes?
São limitadas as pesquisas sobre as vantagens de escolher um treino em vez do outro. Está provado, porém, que ambos oferecem vários benefícios à saúde: substituir a gordura corporal por massa muscular magra, perder peso, ativar o metabolismo, aumentar a densidade óssea (fortalecendo os ossos), prevenir ou reduzir os sintomas de condições crônicas, como dor nas costas, obesidade, artrite, doenças cardíacas e diabetes e, também, melhorar a disposição e o humor e aliviar a depressão.
Conclusão: hipertrofia ou força?
Não é preciso se limitar a uma das duas possibilidades. É possível desenvolver ambos os atributos com um treino adequado. A chave é estabelecer uma rotina que se adapte às suas necessidades e manter um foco consistente no seu objetivo.
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