Ao primeiro sinal de queda de cabelo geralmente a iniciativa imediata é correr à farmácia atrás de um shampoo antiqueda. Mas também há a dúvida se ele dá mesmo resultado.
Por Wilson Weigl
Fotos: Deposit Photos
Fios que aparecem cada vez mais no pente, no travesseiro, no ralo do chuveiro. Recuo da linha do cabelo na testa ou nas laterais. Vazios no topo da cabeça. Cabeleira mais fina e rala. Coceira ou ardência no couro cabeludo. Sinais que acendem o alerta vermelho do ataque iminente de um impiedoso inimigo dos homens: a queda de cabelo. Correr à farmácia atrás de um shampoo antiqueda costuma ser a primeira, mais fácil e óbvia iniciativa para enfrentar a encrenca. Mas surge a dúvida: será que os shampoos realmente dão resultado?
Shampoo antiqueda funciona de fato, mas seu grau de eficácia depende do tipo e do estágio da caída do cabelo, que pode ser crônica (como nos casos de alopécia androgenética, hereditária) ou apenas temporária (como na perda repentina provocada pelo eflúvio telógeno, um distúrbio passageiro de crescimento do cabelo provocado por estresse). São muitas as possíveis causas — genética, estresse, inflamações no couro cabeludo, desequilíbrios hormonais, deficiências nutricionais e uso de certos medicamentos — e nem todas podem ser tratadas só com shampoo.
Quais benefícios esperar de um shampoo antiqueda?
“O shampoo atua na prevenção da queda e favorece de modo geral a saúde do couro cabeludo e dos fios”, diz a dermatologista Adriana Vilarinho, da Clínica Adriana Vilarinho, de São Paulo, referência em dermatologia no Brasil. “Sua ação é especialmente satisfatória no tratamento da queda decorrente de inflamações do couro cabeludo bastante corriqueiras, como a dermatite seborréica, cujo sintoma mais conhecido é a caspa, e a psoríase”, explica a médica.
O uso regular desses shampoos previne a queda e deixa o cabelo mais sadio porque eles atuam em várias frentes: equilíbrio e nutrição do couro cabeludo, melhora da circulação sanguínea que estimula o crescimento dos fios, fortalecimento dos fios existentes e controle da oleosidade excessiva, além do combate aos processos inflamatórios. Alguns produtos também são volumizadores, encorpam os fios e diminuem a oleosidade, que também tira volume do cabelo.
“Apesar da eficácia preventiva, o resultado do shampoo pode ser limitado quando usado isoladamente. Por isso costuma ser adotado em conjunto com outros tratamentos, como uso de medicamentos orais ou tópicos e procedimentos clínicos de laser e injeções de fatores de crescimento no couro cabeludo. Investigar a causa da queda é fundamental para se optar pelos recursos terapêuticos mais indicados para cada caso”, orienta Adriana.
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Um dos componentes dos shampoos que merece destaque é o cetoconazol, que além de anti-inflamatório e antifúngico, de acordo com estudos recentes também tem bom resultado na queda genética por inibir a produção de DHT (di-hidrotestosterona), um subproduto da testosterona que afina os folículos capilares.
Outro notável ativo antiqueda é o minoxidil, com eficácia clinicamente comprovada no crescimento pela ação vasodilatadora que melhora a oxigenação e o fluxo sanguíneo nos bulbos onde se proliferam as células que dão origem aos fios. Mas pela menor concentração nos shampoos, os médicos costumam prescrever o minoxidil por via oral ou aplicação tópica em loção. Porém é um ingrediente a sempre levar em conta na fórmula de um shampoo.

Ao escolher o produto, o primeiro passo é observar no rótulo a presença de ingredientes respaldados por pesquisas científicas, como os listados acima.
Como usar corretamente o shampoo
Ao lavar o cabelo, é importante dar um tempinho para a ação dos ativos do shampoo. Estamos acostumados a aplicar, esfregar e enxaguar, pá pum. “Pra obter benefícios deve-se esperar alguns minutos antes do enxágue ou seguir a recomendação da embalagem”, diz Adriana Vilarinho.
Consultar um dermatologista ou tricologista (especialista em cabelo) é a melhor forma de descobrir se a queda é crônica ou apenas temporária. O check-up do couro cabeludo e dos fios permite ao especialista recomendar a terapêutica adequada a cada caso e, em quadros mais simples, ajudar na escolha do shampoo ideal. Seja qual for o problema, quanto mais cedo começa o tratamento, maior a chance de sucesso. Fique atento aos primeiros sinais de queda.
E mais: esteja seu cabelo caindo ou não, cuide do couro cabeludo — que apesar do nome “couro” é uma pele sensível. Alguns cuidados são evitar lavar o cabelo com água muito quente e retirar resíduos de gel, pomada e cera antes de dormir (leia aqui como manter o couro cabeludo nos trinques).
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