A comparação do próprio corpo com os exibicionistas digitais pode ser devastador para a saúde mental, o amor próprio e a autoconfiança.
Por Wilson Weigl
Os exibicionistas dominam as mídias sociais, onde exploram seus atributos físicos sem pudor. Mas se comparar a eles pode ser devastador para a autoestima.
A comparação com outras pessoas pode ser positiva, quando traz motivação, inspiração e estímulo para promover mudanças, como fazer exercício, começar uma dieta ou melhorar a alimentação, por exemplo. Mas ficar vulnerável à comparação prejudica a saúde mental, abala o amor próprio e provoca sentimentos de inadequação e baixa autoconfiança.
Numa pesquisa, 30% dos homens disseram que posts de caras sarados despertam inveja, frustração e insatisfação com o próprio corpo. Outra consequência dessa exposição a corpos supostamente “perfeitos” é a tendência a supervalorizar a aparência e desconsiderar outras qualidades e atributos psicológicos e emocionais.
Além disso, o impacto da mídia na imagem corporal não se limita apenas à estética. Há também uma pressão social que associa a aparência ao sucesso e à aceitação social, o que reforça a insatisfação com os atributos físicos.
Todos nós temos uma tendência natural de nos comparar com os outros, intencionalmente ou não, online ou offline. Essas comparações nos ajudam a avaliar nossas próprias habilidades, personalidade e comportamentos. Isso, por sua vez, influencia a forma como nos enxergamos.
A imagem corporal pode ser definida como a imagem de si mesmo construída na mente, bem como as percepções, sentimentos e pensamentos relacionados ao próprio corpo. A autoimagem corporal se desenvolve desde a infância, inicialmente baseada apenas em percepções e só mais tarde temperada pelo julgamento e pelas experiências.
Os transtornos de imagem corporal
Comparações constantes da própria aparência com a de outras pessoas são comprovados fatores de influência no desenvolvimento do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), condição com severas implicações na saúde mental. Também conhecido como dismorfia corporal, trata-se de um transtorno obsessivo-compulsivo caracterizado pela preocupação excessiva com a aparência, em que se dá importância exagerada a defeitos imperceptíveis para outras pessoas. A preocupação incessante com os supostos defeitos leva a angústia, vergonha e inibições sociais.
No espectro dos transtornos corporais está a dismorfia muscular, um comportamento compulsivo que afeta principalmente homens. A busca obsessiva por um corpo cada vez mais musculoso vira foco central da vida, levando a comportamentos insalubres, como overtraining (excesso de treino), obsessão com dieta e uso de anabolizantes.
Exibicionismo online e narcisismo digital
O exibicionismo nas mídias sociais pode ser manifestação do narcisismo (Transtorno de Personalidade Narcisista), déficit afetivo em que há senso exagerado da própria importância e necessidade de admiração. Publicar fotos e vídeos do corpo é uma maneira de usar curtidas e comentários como compensação para a fragilidade emocional.
Esse tipo de exibicionismo digital frequentemente é camuflado como “aspiracional”. Homens bonitos e musculosos exibem seus corpos como modelos a que todos deveriam ambicionar alcançar. Fotos e vídeos são acompanhadas de mensagens enganosas que promovem o exercício físico e a musculação como meios para ter um corpo saudável, enquanto o objetivo real é mostrar seus atributos.
Com a ascensão de plataformas como o OnlyFans, a exposição do corpo na internet se tornou uma forma de trabalho e monetização, onde se produz conteúdo erótico sob demanda para assinantes. Muitas vezes posts em mídias como Instagram e Tik Tok são chamarizes para conteúdos mais explícitos nas assinaturas.
Jovens: as maiores vítimas do exibicionismo
O efeito nocivo do exibicionismo é maior entre os jovens. A geração que nasceu na era digital busca na internet respostas para suas dúvidas e inquietações cotidianas. Bombardeados com uma quantidade muito maior de conteúdo de mídia do que as gerações anteriores tiveram que lidar, jovens do sexo masculino estão se tornando progressivamente mais preocupados com seu aspecto físico e encorajados a serem narcisistas, exibicionistas e materialistas.
Esse bombardeio de imagens de corpos “perfeitos” leva os jovens a internalizarem esses padrões, o que resulta em frustração por não conseguir alcançar tal ideal. Como resultado, estão vivenciando níveis sem precedentes de ansiedade, depressão e transtornos mentais.
Seguir esses perfis realmente o inspiram, motivam e façam bem? Ótimo, afinal beleza é para ser apreciada. Mas não siga exibicionistas que provocam comparação negativa, angústia e baixa autoestima,
Evite comparações que não sejam construtivas. Cada pessoa é de um jeito e essa diversidade é o que torna a vida tão incrível.
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