Os atores estão cada vez mais nus nas séries de TV: tiram a camisa em qualquer situação e exibem sem pudor seus atributos nas cenas de sexo.
Por Wilson Weigl
Foto: Michele Morrone no filme 365 Dias.
Os homens estão cada vez mais pelados nos filmes e seriados de TV. Os atores não apenas tiram a camisa em qualquer situação como também mostram a bunda e o pênis em cenas de sexo.
O aumento da nudez masculina nas séries mostra que, disfarçada e silenciosamente, os atores se tornaram “homens-objetos” e exibem sem pudor seus atributos físicos nas produções. A balança de corpos nus nas telas sempre pendeu a favor das mulheres, mas agora parece que a situação se inverteu.
Mas apesar da nudez mais natural, cenas de galãs pelados são sempre motivo de alvoroço, replicadas ao infinito em sites eróticos e de fofocas.
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Durante muito tempo, a exposição de corpos musculosos nos filmes épicos e de super-heróis, apesar do apelo sensual, serviu a funções narrativas ligadas à força, virilidade ou heroísmo. Mas a nudez mais explícita e erotizada sugere uma mudança de perespectiva.
Entretanto, a tendência de exibição masculina parece caminhar numa direção contrária à feminina. As atrizes relutam cada vez mais em tirar a roupa nos filmes e colocam limites à exposição muitas vezes gratuita de seus corpos, com medo de serem imortalizadas nuas em fotos e capturas de tela. Há décadas as mais famosas recorrem a dublês nas cenas quentes das produções.
O mesmo não ocorre com os atores, que não oferecem resistência a se exibirem nus e até se submetem a usar próteses penianas para mostrar pênis mais avantajados, como fez o ator Theo James na série The White Lotus.
O corpo masculino na TV e no cinema
Galãs sem camisa, de cueca ou sunga, não são novidade em comédias românticas ou filmes de ação, como as produções de estúdios como Marcel e DC Comics, que submetem os astros a regimes intensos de treino e dieta para desenvolver o físico musculoso que se espera de um herói como Thor ou Super-homem.
Mesmo a exibição do nu frontal não é fenômeno recente. Nos anos 1990, o seriado Oz, da HBO, ambientado numa prisão, já punha atores pelados diante das câmeras. Spartacus, do Starz, que estreou em 2010, exibiu gladiadores sarados nus em suas várias temporadas.
Mais recentemente, porém, nus masculinos frontais se tornaram recorrentes em seriados como Game of Thrones, House of Dragons, Euphoria, Sex/Life e Sex Education, além de The White Lotus, entre muitos outros. Mais recatadas, séries como Elite e a recente Olympo escondem os pênis mas não economizam cenas de peitos e bundas ambientadas em vestiários de academias e chuveiros coletivos.
A indústria audiovisual percebeu que há um imenso público feminino e LGBTQ+ interessado em ver homens atraentes e sexualizados. Produtores e diretores passaram a valorizar mais os olhares de mulheres e gays — o “female gaze” e o “queer gaze” —, após décadas de prevalência do olhar masculino, o”male gaze”. A maior aceitação da nudez também sinaliza quebra de velhos tabus, como a rejeição masculina a ver outros homens nus, por preconceito ou homofobia.
Nem todos os filmes e séries exploram a nudez masculina de forma gratuita. Em muitos deles, o nu não envolve sexo, sedução ou erotismo explícito, mas serve à representações dramáticas de emoção, vulnerabilidade e intimidade, propondo formas mais sensíveis de olhar o corpo do homem.
Apesar da nudez priorizar homens bonitos e musculosos, é sinal de que diminuiu o desconforto antes provocado pela visão do corpo masculino, não apenas nas telas, mas também fora delas. Em filmes, séries ou na vida real, homens nus podem ser apenas… normais.
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