Dermatite atópica: como reconhecer e tratar esse problema de pele

Coceira extrema, vermelhidão e descamação da pele são sintomas da dermatite atópica, doença de origem genética que pode ser tratada com sucesso.

Homem No Espelho - Dermatite atópica

Por Wilson Weigl

Coceira terrível em algum lugar do corpo, com pele seca, descamada ou vermelha, que, de tanto coçar chega a ficar ferida. Esse é o quadro da dermatite atópica, doença frequentemente confundida com “alergia”, o que atrapalha seu tratamento.

A dermatite atópica (também chamada de eczema atópico) acomete principalmente dobras do corpo, como braços, joelhos e pescoço, mas aparece também no rosto e nas mãos. É uma doença quase sempre de origem genética, que não é contagiosa nem tem cura, só controle. Por ser genética, até agora são desconhecidas formas objetivas de prevenção. Além do desconforto, pode provocar problemas de relacionamento e autoimagem, quando surgem vermelhidão ou lesões nos locais afetados pela doença.

Seus sintomas são coceira, vermelhidão, erupções cutâneas, formação de crostas e descamação  da pele. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) constatou que 1% dos brasileiros sofrem com o problema — o que não é pouco, cerca de 2,5 milhões de pessoas —, mas na mesma pesquisa 69% dos entrevistados afirmaram considerar a dermatite atópica uma doença alérgica, o que ela não é. “A confusão com alergia é o principal motivo para muitas pessoas não procurarem ajuda médica”, diz Rosana Lazzarini, assessora do Departamento de Alergia Dermatológica e Dermatoses Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Sua principal manifestação, a coceira, deflagra a piora, porque acaba danificando ainda mais a barreira cutânea, provocando escoriações, o que facilita a infecção por bactérias. A pele começa ficando ressecada e coma coloração avermelhada, e podem se formar crostas, pelo ato de coçar. A pele fica cronicamente com aspecto de lixa, áspera ao tato”, explica a dermatologista Cecília Studart, médica do Grupo Paula Bellotti (RJ) e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

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As crises costumam piorar no inverno, quando há menor produção de sebo pelas glândulas sebáceas e maior perda de água, o que faz com que a pele fique mais ressecada.

Segundo a médica, as crises podem ser desencadeadas por:

  • Ácaro e mofo
  • Roupas sintéticas ou de
  • Banhos quentes, demorados e com muito sabonete
  • Estresse emocional
  • Contato com produtos de limpeza

Como não existe prevenção, um dos tratamentos é justamente o controle dos sintomas. “É fundamental que o paciente conheça seus gatilhos, os fatores que podem agravar suas crises, e adeque seu ambiente como forma de prevenção. Evitar locais com poeira, penas, pelos, perfumes e ácaros; não tomar banhos longos e muito quentes e priorizar sabonetes com fórmulas hidratantes são algumas medidas”, aconselha Cecília Studart.

Para quem tem tendência ao problema, o estresse é um inimigo, porque situações de raiva e frustração, por exemplo, liberam agentes pró-inflamatórios que levam ao aumento da coceira, de acordo com a médica.

Outras medidas que ajudam a evitar o surgimento de lesões e coceira é usar sabonete suave (com pH próximo ao da pele), sempre usar hidratante e controlar a temperatura da água do banho, que não deve ser quente, ensina Rosana Lazzarini.

Nos casos mais graves, o tratamento deve ser individualizado, pois depende do grau da doença e da idade do paciente. “Normalmente, o controle se dá com medicações de aplicação local, como pomadas e cremes, mas eventualmente podem ser necessários remédios orais, como antibióticos, quando a pele fica infeccionada. O tratamento deve ser sempre prescrito pelo médico, pois não se pode esquecer que os remédios têm efeitos colaterais, se utilizadas da forma incorreta, por longos períodos, ou suspensos abruptamente”, alerta Cecília Studart.

A dermatologista ressalta também a importância da hidratação nas áreas afetadas pela dermatite atópicaO hidratante deve ser aplicado diariamente, de preferência logo após o banho, para evitar evaporação e reter água. O ideal é usar produtos com ativos que restaurem a barreira cutânea e com boa penetração na pele. Para isso, recomendo produtos que contenham glicerina, manteiga de karité, petrolatum e ceramidas, por exemplo”.

“A dermatite atópica traz impactos psicológicos, principalmente em casos mais intensos. Além de ser aparente, o que afeta negativamente a autoimagem e gera afastamento do convívio social, as crises de coceira dificultam a concentração e podem até causar distúrbios do sono, porque não deixa a pessoa dormir de maneira adequada”, completa Rosana Lazzarini.

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