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Açúcar em excesso ataca as fibras de colágeno, que dão sustentação e firmeza à pele, faz o rosto desabar e causa rugas e manchas.
Por Wilson Weigl
Que a alimentação influencia o estado da pele, isso todo mundo sabe. Para prejudicar a pele, piorar acne, rugas e envelhecimento precoce basta adotar uma dieta cheia de porcarias, gorduras ruins, frituras, salgadinhos, comidas industrializadas. O que nem todo mundo sabe é que um dos principais inimigos da pele boa é o açúcar. O consumo excessivo de doces e massas desencadeia um processo chamado glicação, que destrói e endurece a estrutura do colágeno, proteína que dá firmeza e sustentação à pele.
Ser “formiga”, portanto, vai cobrar um preço alto da pele. O efeito do açúcar na pele é a liberação dos chamados “produtos finais da glicação avançada”, conhecidos como AGEs (do inglês Advanced Glycation End-products). Os AGEs se ligam ao colágeno da pele de uma forma destrutiva, comprometendo sua estrutura e causando flacidez. A glicação ocorre não apenas em pessoas mais velhas, mas também em jovens e até mesmo em magros que ingerem muito açúcar.
“Essa reação pode piorar acne e rosácea, estimular a oleosidade da pele e o aparecimento de rugas, flacidez, manchas, estrias e celulite. As alterações aparecem tanto no rosto quanto no corpo”, explica a cosmiatra Ludmila Bonelli, especialista em dermatocosmética e diretora científica da marca Be Belle.
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O colágeno mantém a pele bem estruturada e as células firmes e unidas, mas sua produção diminui progressivamente à medida que a gente envelhece. Quando essa estrutura de colágeno começa a enfraquecer, a pele perde elasticidade, firmeza e hidratação: ou seja, resseca e desaba. Se esse comprometimento já acontece de forma natural, imagina dar força para ele piorar ainda mais.
A pele fica mais desidratada também. “Além de dar estrutura à pele, o colágeno firme sustenta a molécula de água em sua volta, mantendo a hidratação”, explica a especialista. “Quando o açúcar endurece e prejudica a mobilidade do colágeno, ele se rompe com mais facilidade, formando rugas”, completa.
A especialista em cosmética explica que essa alteração é uma agressão oxidativa e inflamatória, que provoca disfunções da pele de forma geral, estimulando também a formação de manchas. “A glicação afeta os melanócitos — células que produzem melanina, pigmento que dá cor à pele —, estimulando-os a trabalhar ainda mais. Na pele glicada, o excesso de melanina causa manchas de uma forma muito mais nociva que a agressão solar”, diz Ludmila.
Pouco açúcar, por favor!
Reeducar o paladar é o primeiro passo para reduzir o consumo de açúcar, segundo a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Devemos começar diminuindo a quantidade de açúcar ou abandonando o hábito de adoçar sucos, chás e café”, afirma.
Depois disso, é bom reduzir o consumo de doces e procurar matar a vontade de doces com alimentos e produtos sem adição de açúcar, como frutas frescas e secas ou aqueles com menos açúcar como os chocolates com maior concentração de cacau (60% ou mais). Vale lembrar que o açúcar também está presente em grandes quantidades nos carboidratos, como macarrão, pães, bolos e biscoitos”, diz a nutróloga.
Na sequência, deve-se evitar ao máximo alimentos industrializados, principalmente os ultraprocessados, como salgadinhos de pacote, biscoitos recheados, sucos de caixinha e refrigerantes, completa Marcella Garcez.
Cosméticos antiglicação
Além da mudança dos hábitos alimentares, para evitar ou reverter o processo de glicação é indicado o uso de dermocosméticos e nutracêuticos, explica Ludmila Bonelli: “Os dermocosméticos com ação antioxidante e antiglicante contêm ativos que conseguem penetrar na pele até o colágeno, reforçando sua estrutura interna. Já em relação aos nutracêuticos — suplementos alimentares com nutrientes extraídos de alimentos e benefícos para o organismo —, o peptídeo da carcinina atua como antioxidante, antiglicante e desglicante por bloquear o açúcar excedente, impedindo que se ligue às proteínas do colágeno. Ele também desliga o açúcar que se ligou ao colágeno revertendo o processo”, finaliza Ludmila.
Só para você saber, o consumo excessivo de açúcar é conhecido por contribuir para o diabetes tipo 2 e outras doenças, principalmente cardíacas e vasculares. Os AGEs fixam-se também no colágeno das paredes dos vasos sanguíneos, causando danos que aceleram o processo de formação de placas de colesterol e entupimento nas artérias. “Os AGES desencadeiam uma reação que vai causar espessamento e endurecimento dos vasos sanguíneas no corpo inteiro, aumentando as chances de aterosclerose, infarto e derrame”, diz Aline Lamaita, cirurgiã vascular membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Não faltam mesmo boas razões para pisar no freio ao consumir doces, certo?
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