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A ansiedade é uma reação natural para se proteger de ameaças futuras, mas o estado psíquico de apreensão ou medo é destrutivo quando persistente ou exagerado.
Por Wilson Weigl
Fotos: Deposit Photos
O Brasil lidera uma lista de 11 países com mais casos de depressão e ansiedade, segundo dados da Universidade de São Paulo (USP), seguido da Irlanda e dos Estados Unidos. A ocorrência desses problemas, que já era alta aqui, aumentou muito como reflexo da pandemia.
Apesar de ser uma reação natural do organismo, o estado psíquico de apreensão ou medo pode ser destrutivo quando persistente ou exagerado. “Essa apreensão frente a uma situação desconhecida provoca alterações químicas e orgânicas no corpo todo, fazendo com que ele entre em estado de alerta para se proteger. Por detectar a iminência de um risco, é um recurso orgânico que pode nos salvar de ameaças futuras”, explica Mauro Felix, professor de psicologia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio.
A ansiedade é uma resposta de “luta ou fuga” do organismo frente a uma ameaça futura, da mesma forma que o medo, mas um pouco diferente. “O cérebro comanda a liberação de mais adrenalina, deflagrando alterações como aceleração do coração e aumento da pressão sanguínea, entre outros, para termos energia para enfrentar ou fugir do perigo. Mas o medo é diferente por ser sentido diante de uma ameaça presente e não futura, como a ansiedade”, diz o professor.
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Mesmo não sendo uma experiência agradável, nem toda ansiedade é negativa, pois pode estar agindo para nos beneficiar. “Sentir-se ansioso antes de uma prova pode nos ajudar a nos preparar melhor para ela e obter resultados mais positivos”, exemplifica Mauro Felix. “Nesse sentido ela pode ser útil, como um alarme que sinaliza um potencial risco”.
O problema é quando esse alarme está desregulado e toca o todo tempo, capturando ameaças irreais. “Quando o cérebro começa a perceber perigos e ameaças onde não existem, liberando alarmes intensos, prolongados e desproporcionais à causa, a ansiedade passa a ser patológica, gerando sofrimento e improdutividade”, afirma Mauro.
Tipos de ansiedade
Por não existir uma divisão clara do que é ansiedade normal ou patológica, é importante o diagnóstico feito por um especialista. A avaliação identifica o tipo que acomete a pessoa, para que o tratamento seja adequado. Estes são os transtornos de ansiedade mais comuns:
- Transtorno de ansiedade generalizada: preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle.
- Transtorno do pânico: crise repentina de mal-estar, com sintomas físicos, como palpitações, falta de ar ou náuseas.
- Transtorno de ansiedade social: dificuldade de interação social e medo do julgamento das outras pessoas.
- Fobias: medo exagerado de algo ou de alguma situação (multidões, altura, lugares abertos ou fechados, animais etc).
- Transtorno de ansiedade de separação: medo de ficar sozinho, longe de casa ou separado de parentes ou amigos.
- Mutismo seletivo: dificuldade de comunicação verbal em situações sociais.
Como combater a ansiedade
Quem sofre de algum desses transtornos deve procurar tratamento com um psiquiatra ou psicólogo, de acordo com a intensidade e o tempo de manifestação dos sintomas. Os recursos terapêuticos vão da psicoterapia aos medicamentos. Além da ajuda profissional, recomenda-se a inclusão de novos hábitos na rotina:
- Exercícios físicos: mexer o corpo relaxa e alivia a mente. Evidências científicas comprovam que uma caminhada de 30 minutos, 3 vezes por semana, depois de algum tempo tem a mesma eficácia de medicamentos.
- Técnicas de meditação: melhoram a atenção e o foco, tirando a pessoa do circuito automático e reconectando-a ao presente.
- Mudança de alimentação: recomenda-se beber bastante água (o cérebro é composto por mais de 90% de líquido); comer carboidratos complexos (integrais), que mantêm o nível de glicemia mais estável durante o dia; inserir na dieta magnésio (espinafre, legumes e nozes), zinco (ostras, gema de ovo e castanha de caju), probióticos (iogurtes e picles) e aspargos. Evite beber muito café (aumenta os níveis de dopamina) e álcool, que na hora pode até diminuir a ansiedade, mas tem um efeito rebote no dia seguinte.
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