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O autoexame é simples: basta observar no espelho a pele do corpo todo e procurar pintas estranhas que surgiram ou mudaram de aparência.
Por Wilson Weigl
Não canso de dizer de que o sol não é bonzinho e que todo mundo que se expõe à radiação sem a devida proteção se arrisca a ter rugas, manchas e – o pior de tudo – câncer de pele (o mais comum no Brasil). Por isso, é fundamental não só usar filtro solar quanto fazer periodicamente o autoexame da pele para descobrir pintas estranhas que podem ser começo de câncer.
“O objetivo do autoexame é descobrir se surgiu uma pinta nova ou se uma antiga está se modificando”, explica a dermatologista Claudia Marçal, da Clínica de Dermatologia Espaço Cariz. O sol não só causa pintas como também pode modificar e transformar em câncer outras que já existiam na pele.
O perigo não mora apenas em ir a praia ou piscina sem proteção, mas também em se expor ao sol no dia-a-dia, andando na rua, dirigindo o o carro, se exercitando ou trabalhando ao ar livre.
Os danos causados pela radiação solar UVA, UVB e IR (infravermelha) na pele são cumulativos (a soma de todo o sol que tomamos desde criança) e alteram nosso DNA, predispondo ao câncer.
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O melanoma, tipo de câncer mais agressivo, é muitas vezes fatal porque se aprofunda na pele e libera na corrente sanguínea células cancerosas que vão se instalar em outros órgãos. Por isso precisa ser diagnosticado o mais rápido possível.
Felizmente, porém, 95% dos casos de tumores de pele no Brasil são “não melanoma” – carcinoma basocelular ou espinocelular. Apesar de menos agressivos, seu desenvolvimento na pele está diretamente relacionado à exposição solar sem proteção.
Daí a importância de tirar um tempo em frente ao espelho para observar a pele do corpo todo. “O autoexame é indicado para todos, mas principalmente para quem tem pele clara, muitas pintas, casos de câncer de pele na família, tomou bastante sol antes dos 30 anos e sofreu queimaduras com vermelhidão e ardor”, diz a médica.
Quando fazer o autoexame da pele?
“O ideal é fazer o autoexame regularmente, por exemplo uma vez por mês, na frente do espelho e de preferência com luz natural, para verificar o surgimento de qualquer pinta, mancha ou relevo que cresceu ou mudou de aparência ou de uma ferida que não cicatriza”, ensina a dermatologista.
O que observar no autoexame?
Para saber se uma lesão é suspeita e preocupante, usa-se a regra do “ABCDE” da pinta, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia:
- A de Assimetria: Uma metade da pinta não “combina” com a outra. Pintas perigosas ou melanomas tendem a ser assimétricas em cor e forma.
- B de Bordas: Lesões malignas apresentam bordas irregulares, dentadas ou com sulcos, com interrupção abrupta na pigmentação da margem.
- C de Cor: Lesões muito escuras ou com diferentes tons podem indicar malignidade.
- D de Diâmetro: São suspeitas pintas que crescem rápido e aumentam muito de diâmetro (principalmente as maiores de 6 milímetros).
- E de Evolução: Toda pinta que mudar de cor, formato, tamanho e relevo em pouco tempo (de 1 a 3 meses) deve ser examinada por um dermatologista.
“Qualquer lesão que coce, doa ou sangre ou apresente sensibilidade também precisa ser mostrada para um médico”, alerta Claudia Marçal.
Como fazer o autoexame da pele?
É fácil e não toma muito tempo: basta ficar esperto e avaliar cada pedaço da pele do corpo, inclusive do couro cabeludo. A dermatologista explica o modo de fazer:
- Examine seu rosto todo, incluindo nariz, lábios e orelhas.
- Avalie o couro cabeludo, especialmente se for careca ou tiver cabelo ralo. Para facilitar, separe os fios com um pente ou use o secador para melhor visibilidade. Se precisar, peça ajuda a alguém.
- Preste atenção às mãos, também entre os dedos.
- Levante os braços e observe as axilas, os antebraços e os cotovelos, virando dos dois lados, com a ajuda de um espelho.
- Olhe o pescoço, o peito e o abdômen.
- De costas para um espelho de corpo inteiro, use outro para olhar com atenção ombros, costas, nádegas e pernas.
- Com dois espelhos avalie também a nuca e atrás das orelhas.
- Sentado, olhe a parte interna das coxas, bem como a região genital.
- Na mesma posição, olhe os tornozelos, o espaço entre os dedos e as solas dos pés.
O câncer pode aparecer em todos esses lugares.
Achou algo suspeito? Consulte um dermatologista, porque o câncer de pele é sorrateiro, especialmente em áreas de corpo que não costumamos enxergar sozinhos.
Proteja-se do câncer de pele
Para se defender, as recomendações são aquelas que todo mundo já sabe (ou deveria saber):
- Evite se expor ao sol entre 10h e 16h (é difícil, mas não impossível).
- Aplique o protetor solar diariamente (fator de proteção de no mínimo 30) no rosto e nas áreas do corpo expostas ao sol.
- Na praia, repita a aplicação do filtro a cada 2 horas ou sempre que ficar bastante tempo na água ou suar muito.
- Use camiseta, boné ou chapéu ao caminhar, correr ou pedalar e, na praia, fique embaixo do guarda-sol nos horários de sol mais forte.
- Não se esqueça dos óculos escuros, de preferência com lentes de boa qualidade, com proteção UV.
- Esses cuidados valem também para dias nublados.
Calcule seu risco
Avalie sua pré-disposição à doença por meio da “Calculadora de Risco para Câncer da Pele”, disponível no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia (clique aqui para acessar).
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