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O estilista capta as mudanças de comportamento de cada época e traduz os desejos coletivos em fragrâncias. Acompanhe essa trajetória perfumada.
Como transformar a calça jeans, a cueca branca e o perfume em fetiches e objetos de desejo? Pergunte a Calvin Klein. O estilista americano tornou-se um dos maiores nomes da moda internacional justamente por saber captar o espírito do tempo, as mudanças sociais e comportamentais e traduzir tudo isso em peças de roupas e frascos de perfumes.
Essa sintonia com o desejo coletivo fica explícita em cada uma das fragrâncias lançadas nos últimos 30 anos. Obsession, Eternity, Euphoria, Contradiction, Escape e Reveal refletem em seus conceitos as mudanças de valores desses tempos.
Klein nasceu em 1942 e em 1968 criou sua empresa. Três anos depois, já aparecia na capa da Vogue americana, a bíblia da moda internacional. Calvin criou o conceito do jeans como sonho de consumo, competindo com gigantes como Levi’s, Lee e Wrangler. Ainda nos anos 1980, ganhou fama pela campanha com a atriz Brooke Shields, então com 15 anos, e o slogan “Não existe nada entre eu e meu Calvin”.
Entre o final dos anos 1980 e 90, o toque de Midas de Calvin Klein chegou ao mundo do underwear. Pelas mãos do estilista, a cueca masculina ganhou enorme carga de sensualidade: nâo houve quem nâo se impressionasse com o gigantesco painel do ator Mark Wahlberg (então chamado de “Marky Mark”) exibido em plena Times Square, em Nova York. Em pouco tempo, a cueca branca Calvin Klein virou fetiche masculino – posição que conserva até hoje, a despeito da concorrência.
Em 1981, Klein lançou o primeiro perfume, o masculino “Calvin”, embrião de um império no mundo da perfumaria. Ao contrário de seus sucessores, como o célebre Eternity, essa fragrância não ficou para a história. Acompanhe a trajetória dos perfumes Calvin Klein mais famosos e sua ligação com seu tempo.
1985 OBSESSION – A fragrância feminina foi lançada em 1985 e a masculina em 1986, evocavando os sensuais perfumes do Oriente. Sua campanha com nus totais ficou famosa pela ousadia. As imagens eram assinadas por Bruce Weber, fotógrafo famoso pelo alto teor erótico de seus trabalhos, e foram vetadas por inúmeros jornais americanos.
1989 ETERNITY – Em 1989, enquanto a Aids solapava a liberdade sexual conquistada nas décadas anteriores, Calvin Klein se adaptou aos novos tempos valorizando o amor, o casamento, a espiritualidade e o comprometimento – valores eternos em sua visão. Esse perfume tornou-se o grande clássico da marca e até hoje é um de seu best-sellers mundiais, mas versões masculina e feminina. No ano passado, o perfume ganhou uma edição limitada em comemoração a seus 25 anos.
1991 ESCAPE – Em 1991, o mundo passava por uma fase de intensa turbulência: o esfacelamento da União Soviética, a queda do Muro de Berlim e o início da crise do petróleo que levaria à Guerra do Golfo. A resposta de Calvin Klein é o lançamento do perfume cuja campanha remetia a um acalentado desejo de paz e tranquilidade – a “escapada” para um lugar onde se pudesse ficar alheio a todos os problemas.
1994 CK ONE – Em 1994, Calvin lança a fragrância unissex que de cara conquistou o público jovem, por conta dos anúncios que valorizavam a rebeldia, a androginia e a mistura racial. Seu frasco branco, de design limpo, evocava a não diferenciação de gostos e sexos. O perfume ganhou ao longo dos anos várias atualizações, como Shock, Scene, Electric e Red, entre outras.
1996 CK BE – Enquanto ck One evocava a ideia de união, sua versão Be, também unissex, valorizava a importância da individualidade. O slogan esperto, que incentivava a afirmação pessoal – “Seja bom. Seja mau. Apenas seja” – também impulsionou o sucesso do perfume entre os jovens. O frasco, uma versão preta do ck One, acentuava essa diferenciação. A campanha de lançamento da fragrância, em 1996, com jovens exibindo tatuagens e piercings, dividiu as opiniões. Numa pesquisa da época, 57% dos entrevistados afirmaram não gostar das fotos. Essa rejeição, segundo analistas, foi a responsável pelo sucesso do perfume entre a galera que valorizava o inconformismo.
1998 CONTRADICTION – A fragrância é lançada em 1998 inspirada na nova mulher pré-virada de milênio: livre, sexy, disposta a assumir novos papéis em casa, junto à família, e no trabalho. Um universo em que não faltavam contradições, segundo Calvin Klein. A versão masculina evocava o direito dos homens de explorar novas facetas, fora dos padrões antigos de masculinidade.
2005 EUPHORIA – O perfume foi lançado em 2005, evocando o desejo coletivo de viver os sonhos, de se inebriar no embalo da música eletrônica e da dança – um estado de euforia, na visão de Calvin Klein. Em 2015 a fragrância foi relançada em novas versões masculina e feminina.
2015 REVEAL – A fragrância feminina chegou às perfumarias em 2014 e a masculina em 2015. A campanha dos novos lançamentos de Calvin Klein entrega sua proposta: a sedução, agora, se trata de um jogo de esconder e revelar. A modelo holandesa e o ator britânico Charlie Hunnan encarnam nos filmes e anúncios impressos a busca por um tipo de sensualidade que nunca é explícita e se revela por trás das cortinas.
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