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Celular e computador estão sendo a salvação nestes tempos de distanciamento. Mas a vida online provoca efeitos colaterais como depressão, ansiedade e baixa autoestima. Como conseguir o equilíbrio?
Por Wilson Weigl
Celular e computador estão sendo a salvação da humanidade nestes tempos de distanciamento social. Conversamos e mantemos contato com os amigos e a família por WhatsApp, Facetime, Skype e Zoom; trabalhamos e fazemos reuniões virtuais em casa; compramos de tudo online, chamamos o delivery de comida, preenchemos o tédio postando e espiando Instagram, Facebook e Tik Tok. Tem muitos caras sozinhos que só fazem sexo online! Mas muitos de nós estamos pagando caro por ficar ligado no celular 24 horas por dia. Resumir a vida ao mundo virtual anda causando estresse, ansiedade, depressão e abalando a autoestima de muitos homens.
Nesse atual grau de dependência que estabelecemos com o celular, ficamos reféns de sentimentos autodestrutivos. Ficar sem bateria ou sem conexão deflaga agonia por estarmos “desconectados” do mundo. Não receber chamadas ou mensagens dos amigos pelo WhatsApp aumenta a sensação de exclusão e distanciamento.
Mídias sociais como o Instagram nos levam a comparar nosso dia-a-dia com os dos outros e isso é uma armadilha para abalar nossa auto-estima. Acompanhar stories de gente em situações melhores do que as em que nos encontramos, sozinhos em casa, nos deixa a sensação de que nossa vida é um tédio completo e que somos menos felizes do que as outras pessoas.
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Esse estado de coisas causa não apenas ansiedade, sentimento de inferioridade e depressão como até desespero e pânico, segundo estudos do Center for Internet and Technology Addiction (centro de pesquisa especializado em “vícios” digitais da Escola de Medicina da Universidade da Connecticut). A sensação angustiante de estar impossibilitado de se comunicar tem até nome: “nomofobia”, do inglês no-mobile-phone-phobia.
Confira os problemas psicológicos que são efeitos colaterais da vida com o celular na mão. E no final do post veja sugestões para fazer um “detox” digital de vez em quando.
Ansiedade e estresse
Causa: viver em constante expectativa de receber uma mensagem ou uma chamada no WhatsApp.
Vivemos em estado de “hipervigilância”, por acreditar que não estivermos online vamos ficar “por fora” do que acontece. Ficamos o tempo todo na expectativa de receber a qualquer momento uma mensagem de WhatsApp. Esse estado de alerta provoca liberação de dopamina (neurotransmissor que dá sensação de prazer, mas também é viciante) toda vez que chega uma mensagem. Essa descarga de dopamina funciona como “alívio” por saber que estamos sendo vistos e ouvidos. E a situação se agrava nestes tempos de isolamento social, quando uma chamada telefônica significa que não estamos esquecidos.
Segundo pesquisa do órgão americano CITA, para algumas pessoas simplesmente ter o telefone fora do campo de visão aumenta o nível do cortisol, o hormônio do estresse. Queremos ficar conectados o tempo todo, para não perdermos nada, nunca, e essa postura contribui para o aumento da ansiedade e do estresse, caso o celular não funcione por algum motivo.
Experimente dar uma pausa do noticiário, do WhatsApp e das mídias sociais algumas horas por dia. E avalie como você se sente por estar “alheio” aos acontecimentos. As mensagens e as notícias eram realmente importantes para você e sua vida? Ou apenas davam a sensação (falsa, às vezes) de estar “ligado” no mundo?
Depressão
Causas: o sentimento de exclusão e a impressão de que nossa vida é um tédio.
Você checa obsessivamente curtidas e comentários nos seus posts? Você mede seu valor no mundo pelo número de “likes”? Ter retorno positivo pode dar um “up” na autoestima, mas o perigo é o contrário: interpretar a falta de feedback como sinal de que somos pessoas desinteressantes.
Nos colocamos em estado de “hiper-sensibilidade” ao conteúdo dos posts das mídias sociais, o que nos leva a misturar o mundo digital com o real. Exemplo: “Fulano não curtiu minha foto; então ele não é meu amigo!”.
Sentimentos negativos são facilmente despertados pelas mídias sociais. Segundo estudos, o Instagram é o maior vilão em despertar sentimentos depressivos. Você navega pelos perfis e descobre que seus amigos fizeram uma chamada coletiva sem você. Traidores! Esse sentimento de exclusão causa frustração, raiva, tristeza e, caso seja recorrente, leva à depressão.
Influenciadores e famosos dão duro para passar impressões de que sua vida continua sendo o máximo, pura felicidade (o que não é verdade). É preciso evitar o pensamento de que “a grama do vizinho é mais verde”, principalmente nestes tempos de isolamento.
Resumo: não interprete as curtidas como um indicador de aprovação do seu valor como pessoa. Nem compare sua vida com a de outros.
Baixa autoestima
Causa: se sentir desinteressante e pouco atraente nos aplicativos de encontros e sexo.
Os aplicativos de relacionamento ou sexo podem ser destruidores da autoestima e da autoimagem positiva. Se seu lado bom é facilitar e agilizar o sexo sem compromisso, o anonimato é território fértil para os comentários e opiniões maldosas. É preciso ser muito bem resolvido para não ficar vulnerável à rejeição, principalmente porque ela é quase sempre relativa às características físicas, que é o que importa quando se busca sexo casual e anônimo. A sensação de não ser atraente pode ser um golpe duro na autoimagem de qualquer um.
Esses apps também ajudam a disseminar os padrões inalcançáveis de beleza, porque nesses contatos leva vantagem quem é sarado ou “dotado”. Um homem dito “normal”, que não se encaixa nesses modelos, precisa ter uma autoestima muito boa para não interpretar negativamente cada “recusa” e se sentir complexado. Ao ver fotos dos caras sarados, bonitões, de barriga tanquinho, corremos o risco de começar a detestar nos ver no espelho. Não caia nessa!
É preciso não tomar a desaprovação como algo pessoal e ter em mente sempre que, mesmo que o físico não chame a atenção nesses apps, isso não significa que você não seja atraente e tenha mil outras qualidades impossíveis de serem conhecidas num simples aplicativo.
Insônia e problemas de sono
Causa: deixar o celular ligado a noite toda, recebendo mensagens e emitindo radiação.
Se você leva seu celular para a cama, não está sozinho: em pesquisa feita com insones americanos, 95% admitiram usar um aparelho eletrônico antes de dormir. Mesmo no mudo, seu celular ao lado da cama compromete seu descanso e prejudica sua saúde. Por causa do sinal, o aparelho é um receptor e emissor de radiação que pode ser danosa à saúde física, mas vou me ater apenas aos distúrbios do sono.
Como muita gente não desliga o telefone à noite, se ele bipa ou acende toda vez que alguém manda um WhatsApp fora de hora num grupo, a luz pode confundir seu relógio biológico e comprometer a qualidade e a quantidade de sono. Dependendo da mensagem, recebê-la no meio da noite também fazer você perder o sono.
A luz da tela também atrapalha a secreção do hormônio melatonina (regulador do ciclo de sono e vigília), que ocorre à noite, deixando seu cérebro alerta quando não deveria.
A não ser que outras pessoas dependam 100% de você (como filhos distantes ou pais idosos), desligue o celular à noite. Deixe as mensagens de trabalho chegarem em horário de trabalho. Ah, você usa o telefone como despertador? Deixe no modo avião.
4 estratégias para fazer “detox digital”
Qualquer atividade funciona como antídoto para o “vício” digital, segundo os pesquisadores do Center for Internet and Technology Addiction. Desde que você não leve o telefone junto.
Faça coisas “desconectadas”: Elabore uma lista de atividades que não envolvam tecnologia, computador ou celular. Sempre que sentir a urgência de se conectar, consulte a relação e pratique alguma dessas ações.
Mexa o corpo: Estipule um horário de treino em casa e fique longe do telefone. Saia para correr ou caminhar sem o celular (1 hora por dia desconectado não vai matar você).
Estabeleça limites: Caso você não trabalhe ou faça negócios pelo celular, comece a restringir o tempo de uso do aparelho. Desconecte-se pelo menos um tempinho durante o dia e estipule horários para navegar nas redes sociais, em vez de ficar ligado o tempo todo. Se quiser, faça um post avisando os amigos que estará “offline” durante um período.
Foque na vida real: Essa dica vale para os tempos “normais”, mas vale dizer. Sempre que estiver numa mesa de bar com amigos, resista à tentação de ficar checando mensagens e concentre-se na conversa ao vivo. Peça para seus companheiros fazerem o mesmo, se possível.
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