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Rosto, mãos e braços sem proteção do filtro solar ficam vulneráveis à radiação que atravessa os vidros do carro e favorece o aparecimento de rugas, manchas e até câncer de pele.
Por Wilson Weigl
Pegar no volante sem passar protetor solar não rende multa de trânsito. Mas é uma infração gravíssima que se comete contra a aparência e a saúde da pele. Passar longos períodos no carro tomando sol na cara pode ser pior do que ir à praia, dependendo do tempo que você passa na direção. A radiação solar perigosa atravessa os vidros e favorece o aparecimento de rugas, flacidez, manchas e até mesmo câncer de pele.
Rosto, mãos e braços sem proteção do filtro solar ficam vulneráveis ao bombardeio de raios UVA, UVB e infravermelhos. Vários estudos já associaram o aparecimento de danos solares e lesões cancerosas no lado esquerdo do corpo (mais exposto ao sol) por causa do hábito de dirigir sem a devida proteção contra o sol.
Por isso, não basta abastecer de gasolina e calibrar pneus do carro antes de pegar estrada. O uso de filtro solar é a principal forma de evitar que a pele fique envelhecida, manchada e enrugada. A recomendação vale tanto para quem costuma pegar estrada quanto para quem dirige na cidade, principalmente se passa bastante tempo ao volante: não se pode abrir mão do protetor solar, mesmo em dias nublados.
“Os vidros do automóvel barram grande parte da radiação UVB, responsável pelas queimaduras, mas não a radiação UVA, que penetra profundamente até a derme, camada mais profunda da pele”, explica o farmacêutico Lucas Portilho, consultor e pesquisador em cosmetologia e diretor científico da Consulfarma. A radiação UVA atravessa nuvens e vidros, causa envelhecimento precoce, perda de elasticidade, manchas, rugas e câncer de pele e está presente na natureza em níveis muito maiores do que a radiação UVB, faça chuva ou faça sol.
Ao atingir essa camada profunda da pele, a radiação danifica as fibras de colágeno e elastina que dão firmeza e sustentação da pele, fazendo o rosto “despencar” e ficar com aparência de uva-passa. “Os raios solares geram uma quantidade altíssima de radicais livres, moléculas que oxidam as células e são as principais responsáveis pelo envelhecimento precoce do tecido cutâneo”, diz Lucas.
As mãos, essas eternas esquecidas
As mãos têm pele bem fina e são frequentemente negligenciadas mesmo pelos homens que passam protetor solar no rosto todo dia. Ao volante, elas recebem a radiação solar praticamente o tempo todo. Com o passar do tempo, as costas das mãos fatalmente irão apresentar manchas, que são resultado do efeito cumulativo do sol sobre a pele.
A constante exposição ao sol é a principal causa do aspecto envelhecido das mãos de muitos homens. Ao dirigir, para evitar a sensação melada no volante, opte por produtos de toque seco, que têm fácil absorção e costuma ser à prova d’água, resistindo ao suor.
A proteção das películas dos vidros
Uma alternativa para aumentar a proteção da pele dentro do carro é instalar películas automotivas nos vidros, que também ajudam a barrar a radiação solar, garantindo proteção semelhante aos fotoprotetores físicos (aqueles que têm partículas esbranquiçadas). “Além de protegerem contra a radiação UV, as películas bloqueiam a radiação infravermelha, que não apenas causa envelhecimento precoce da pele como ainda piora doenças pré-existentes, como melasma e rosácea”, ensina Lucas.
O especialista ressalta que nem toda película automotiva garante proteção solar: “Muita gente crê que quanto mais escura for a película, maior será o nível de proteção, o que não é verdade. Existem películas totalmente translúcidas que protegem da radiação solar. A única maneira de ter certeza sobre a capacidade de fotoproteção das películas é procurar uma loja de confiança que possa atestar a qualidade e a garantia dos produtos.”
A aplicação da película com fotoproteção não dispensa o uso do filtro solar, pois o máximo de proteção solar oferecida por essas películas é de 99%, segundo Lucas Portilho. Além disso, os filmes laminados não protegem contra a luz visível emitida pelo sol, lâmpadas e dispositivos eletrônicos, que também agridem a pele. “Logo, na hora de escolher um fotoprotetor é importante que você procure por produtos que, além de oferecerem proteção contra a radiação UVA e UVB, também protejam contra a luz visível e sejam adequados para o tipo e as necessidades de sua pele”, finaliza Lucas Portilho.
Como se proteger do sol no carro
Antes de entrar no carro, deve-se aplicar no rosto e nas mãos filtro solar facial com FPS 30, no mínimo (o ideal é FPS 50). É preciso se certificar que o produto defende a pele também dos raios UVA (a sigla FPS refere-se apenas aos raios UVB). Os protetores solares mais modernos informam explicitamente no rótulo seu nível de proteção contra a radiação UVA.
No rosto, deve-se passar uma camada generosa, sem economia, até a raiz do cabelo, sem esquecer de orelhas, pescoço e nuca. Nas mãos, deve-se aplicar o filtro principalmente no dorso (não nas palmas). Nos braços é preciso passar em toda a área que for ficar exposta ao sol.
Não adianta passar pouco filtro e achar que está protegido. Para obter o nível de proteção (FPS) do rótulo do protetor é necessário aplicar 2 miligramas por centímetro quadrado de pele. Traduzindo: se pensarmos em rosto, equivale a uma colher de café cheia.
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