Getting your Trinity Audio player ready...
|
O maior vilão pode ser você mesmo, por maus hábitos e excesso de expectativa. Mas a balança, o paladar e os amigos também embaçam a dieta.
Por Wilson Weigl
Encarar a sério uma dieta, seja para emagrecer ou adotar uma alimentação mais saudável, não é tarefa para fracos. Além de ter de fechar a boca e abrir mão de um monte de coisas gostosas, a gente topa a toda hora com inimigos dispostos a sabotar nosso projeto. Pior é que esses vilões às vezes somos nós mesmos, por excesso de expectativa ou por não querer abrir mão de hábitos, ou até nossos melhores amigos.
Rodrigo Polesso, especialista em nutrição formado pela Universidade Estadual de San Diego (EUA), e criador do programa online de emagrecimento Código Emagrecer de Vez, ensina como vencer os cinco vilões que embaçam a sua dieta.
INIMIGO #1: SEUS PRÓPRIOS HÁBITOS
Construímos nossos hábitos ao longo de muitos anos, décadas até, e muitos deles vêm lá de longe, da infância. “Nenhum hábito de longa data é fácil de ser mudado, mas os relativos à alimentação são particularmente mais difíceis, porque comer é algo que fazemos todos os dias”, explica Rodrigo Polesso. Além da influência dos fatores metabólicos e hormonais (que fazem as pessoas serem quase viciadas em doces ou massas, por exemplo), resistimos a admitir que nossas crenças são equivocadas e precisam ser totalmente reformuladas. É comum persistirmos nos erros por falta de informação sobre alimentação, o que pode atrapalhar ainda mais na mudança de hábitos. “Ninguém tem motivação de seguir em frente com algo que não está dando resultado”, diz Rodrigo.
INIMIGO #2: SEU EXCESSO DE EXPECTATIVA
O especialista destaca que é importante não botar as expectativas lá em cima logo no começo do processo de emagrecimento. “Nas primeiras semanas ou até nos primeiros dias de dieta os resultados costumam ser rápidos e visíveis, mas as pessoas comemoram e criam expectativas irrealistas”, conta. As primeiras semanas de dieta são atípicas, já que o processo desacelera nas fases seguintes — sabe aquela história dos últimos 5 quilos que não vão embora? “A verdadeira reeducação alimentar não é um passe de mágica e deve ser encarada como um longo processo. É preciso força de vontade para se voltar totalmente ao objetivo de emagrecer”, afirma.
O especialista completa que essa decisão precisa ser reforçada e renovada ao longo do tempo: “Esteja focado na tendência dos seus resultados e não em dados pontuais de cada dia ou da semana”.
INIMIGO #3: A BALANÇA
Essa vilã está sempre à espreita, no banheiro, na academia ou na farmácia. E pode ser uma grande sabotadora. Polesso conta que as pessoas são condicionadas a considerar o equipamento como único método de se medir o progresso de uma dieta ou de um programa de alimentação. “A balança mede o peso bruto, mas não mostra o que está realmente acontecendo dentro do corpo”, explica. “Preste atenção em como você se sente no dia-a-dia, na sua disposição e nas medidas do seu corpo”.
Outro ponto a considerar, diz Rodrigo, é que o peso corporal varia ao longo do dia: “Encare a medição da balança como apenas um dos muitos fatores a serem analisados. E não fique se pesando o tempo todo”.
INIMIGO #2: SEU PALADAR
Restringir o consumo de carboidratos refinados, alimentos prontos, temperos artificiais, doces e salgadinhos provoca drásticas mudanças no paladar. Para o bem e para o mal. Do lado bom, Rodrigo diz que é comum as pessoas se espantarem com o verdadeiro sabor dos alimentos. “Tem gente acostumada a bebidas doces que descobre prazer no café adoçado com estévia, por exemplo”, conta.
A reeducação do paladar também leva tempo e, por isso, às vezes é preciso fazer evitar mudanças muito drásticas. “Você precisa passar por um período de adaptação”, ensina “No caso do café, por exemplo, o ideal é consumir gradativamente a bebida sem açúcar.”
“Tenha a cabeça aberta: se você quer começar a seguir uma direção diferente, você precisa começar a fazer coisas diferentes”, alerta.
INIMIGO #5: SEUS AMIGOS
Eles podem dar o maior apoio à nossa decisão de fazer dieta, mas a toda hora estão nos convidando para happy-hour com chope e pastéis ou comer pizza no domingo. Rodrigo Polesso sugere que, pelo menos no começo, evite-se pessoas que podem atrapalhar a transformação da alimentação e o processo de emagrecimento: “Procure se cercar de gente que esteja no mesmo barco ou que apoie incondicionalmente sua decisão”, afirma.
O especialista explica que somos suscetíveis à influência do meio e destaca a importância dos fóruns e grupos que oferecem apoio e motivação a seus membros. “Somos seres sociais, e tendemos a ser parecidos com a média das cinco pessoas com quem mais convivemos”, conclui, frisando que perder peso é sempre mais rápido e fácil quando nos distanciamos (ao menos temporariamente) de pessoas que ficam testando nosso força de vontade e disposição para promover uma verdadeira mudança na vida.
Seja o primeiro a comentar