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Basta você se queimar feio uma vez só para se expor ao risco de ter rugas, manchas e câncer de pele no futuro. Porque o estrago altera o DNA celular e vai se acumulando. Saiba como se proteger.
Por Wilson Weigl
Quem nunca vacilou, tomou sol sem passar protetor e ficou vermelho, ardido e descascou? Por preguiça de aplicar o filtro ou por aquele pensamento: “Vou tomar sol só um pouco, nem preciso de protetor”. Saiba que basta se queimar uma vez só para você detonar sua pele e se expor ao risco até de ter câncer de pele. Porque você vê na hora os danos imediatos da radiação solar na pele, mas o pior é que esse estrago vai se acumulando. E é a soma do sol que você toma desde criança. Por isso as consequências ruins podem surgir anos depois: manchas, rugas, envelhecimento precoce e câncer de pele. Basta se queimar um dia para danificar o DNA da sua pele.
As queimaduras de sol danificam nosso material genético em até 3 horas e o bronzeado (aparentemente saudável) nada mais é do que uma reação fisiológica das células produtoras de pigmento: a pele escurece para se defender contra a agressão solar). Daí que é normal tomar sol na rua sem protetor e ficar vermelho. Mas isso só pode acontecer por vacilo, não por desleixo. Nunca na praia, na piscina, caminhando, pedalando ou fazendo esporte ao ar livre.
Explicamos abaixo os danos sucessivos que sua pele sofre no momento em que é exposta ao sol, segundo a dermatologista Thais Pepe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Primeiro entenda as diferenças entre as duas radiações, UVA e UVB:
UVA: esses raios são os principais responsáveis pelo envelhecimento precoce da pele, causam manchas e rugas. Atravessam nuvens (por isso continuam perigosos em dias nublados) e vidros e penetram profundamente na pele. Os UVA são grandes geradores de radicais livres, moléculas nocivas que “oxidam” as células, provocam envelhecimento e doenças, incluindo o câncer de pele.
UVB: a radiação queima e deixa a pele vermelha, por danificar a epiderme (a camada superficial da pele). É mais abundante entre 10h e 16h. “Essa radiação pode atravessar o bloqueio dos filtros químicos (a parte líquida dos protetores solares) e aumentar o risco de câncer”, explica Thais Pepe.
Agora veja o processo de ataque do sol à sua pele:
NOS PRIMEIROS 20 MINUTOS EMBAIXO DO SOL – Nesse tempo a radiação já diminui as defesas da pele. Ela já começa a sofrer oxidação por conta dos radicais livres, que geram dilatação dos vasos sanguíneos, inflamação e vermelhidão, agravados de acordo com o horário do dia e a potência dos raios, segundo a médica. “Não adianta passar filtro solar só ao chegar à praia ou à piscina, porque ele precisa de 20 a 30 minutos para começar a agir e nesse período já ocorre um dano significativo às células da pele”.
DEPOIS DE 3 HORAS DEBAIXO DO SOL – O estrago na pele se intensifica a partir de 3 horas de exposição ao sol. “As células começam a ficar mais danificadas e ocorre mutação do seu material genético”, explica a dermatologista. “O dano ao DNA leva à geração do P53, uma proteína que em alta quantidade causa deficiência de agentes antioxidantes, genes que provocam morte celular, resultando no envelhecimento”, diz. Começa também uma alteração significativa e irreversível nos melanócitos (as células protetoras que dão cor à pele e provocam o bronzeamento), levando até ao processo de cancerização. “O melanoma, tipo de câncer de pele extremamente agressivo e muitas vezes fatal, é oriundo dessas mudanças nos melanócitos”, alerta Thais.
A exposição solar contínua também diminui nossa defesa imunológica, alerta a médica. Por isso é que quem tem herpes costuma apresentar as lesões depois de tomar sol.
DE 48 A 72 HORAS DEPOIS DO SOL – O avermelhado da pele queimada sem protetor solar vira o dourado do bronzeamento. “É resposta da produção da melanina, castanha escura ou amarela avermelhada, dependendo do tipo de cor da pele. Na verdade, o escurecimento da pele é a evidência visível de que a pele escureceu como tentativa de se proteger da agressão sofrida”, explica a médica.
Todo esse processo ocorre quando você se expõe ao sol por um dia só. Mas os malefícios das queimaduras já estão registrados lá no fundo do seu DNA. Deixe isso acontecer duas, dez, cem vezes durante sua vida e as consequências no futuro não serão nada agradáveis.
Outro ponto importante: “É comum nas peles fotoenvelhecidas, ou seja, aquelas que se expuseram muito ao sol, a presença das sunburn cells, células queimadas pela radiação”, diz Thais Pepe. Segundo a médica, as sunburn cells são consequência da quebra da barreira da pele: ela não conseguiu se proteger porque o filtro solar foi ineficiente (por causa do FPS baixo demais), não foi reaplicado e saiu com a água, por exemplo, ou a pessoa tomou sol demais.
COMO DEFENDER SUA PELE DOS PERIGOS DO SOL
- Passe o filtro solar sem roupa, na pele do corpo todo, 30 minutos antes de sair no sol.
- Reaplique a cada duas horas em média, sempre que ficar muito tempo na água do mar ou da piscina ou suar muito (isso vale para quem corre ou pedala).
- Proteja o rosto e os olhos, chapéu, boné e óculos escuros.
- “Nos horários de pico da radiação solar, das 10h às 16h, o ideal é ficar embaixo do guarda-sol”, finaliza Thais Pepe.
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