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Sol, calorão, mar, piscina, uso de máscara e protetor solar podem piorar cravos e espinhas. Confira os cuidados com a pele recomendados pelos dermatologistas.
Por Wilson Weigl
Para muitos homens, o verão traz um perrengue extra: o aumento de cravos e espinhas. A influência do sol e do calor na acne é fato: a chamada acne solar é provocada pelo aumento da oleosidade da pele, devido a mais tempo de exposição ao sol, suor e uso do filtro solar, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Especificamente neste verão, a situação está pior por causa do uso prolongado da máscara, que esquenta, atrita e diminui a ventilação da pele, piorando a oleosidade. Surgiu até uma palavra em inglês, maskne, para batizar a acne causada pela máscara.
O quadro do verão é totalmente propício ao surgimento ou aumento das espinhas, porque também o sal da água do mar, o cloro e outros produtos químicos da piscina também ressecam a pele, obrigando as glândulas sebáceas a trabalhar mais.
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O mecanismo da acne é simples: quando as glândulas sebáceas do rosto e do corpo produzem muita quantidade de sebo, ele se acumula nos poros em forma de tampões que escurecem em contato com o ar: os cravos. Quando a gordura acumulada nos poros obstruídos infecciona pela ação de bactérias (como a Propionibacterium acnes), resultam as lesões vermelhas, inchadas e cheias de pus.
Tomar sol seca as espinhas?
A exposição do rosto e do corpo ao sol provoca uma aparente melhora da acne por “secar” as espinhas, mas o resultado é o oposto: o calor estimula as glândulas sebáceas. Acontece um efeito rebote: a maior produção de sebo deixa a pele ainda mais oleosa, o que contribui para a obstrução dos poros e o surgimento de novos cravos e espinhas.
Um perigo de tomar sol com espinha no rosto é a formação de manchas no local da inflamação. Peles negras e morenas são mais suscetíveis a manchas do que as peles claras, porque pigmentam com facilidade pela exposição ao sol sem proteção ou por qualquer inflamação ou trauma, como acne, arranhões, depilação e picadas de insetos. Essas lesões não desaparecem sozinhas e só podem ser amenizadas com laser ou luz pulsada.
Filtro solar aumenta a acne?
O uso constante do filtro solar facial — que é obrigatório, porque o sol é o grande destruidor da pele —, tanto no dia-a-dia quanto na praia, também pode contribuir para o aumento das espinhas. Mas isso geralmente ocorre quando se usa um protetor solar inadequado para pele oleosa e acneica. É o caso dos filtros de textura grossa, cremosos e oleosos, que obstruem os poros e provocam aumento da oleosidade.
Os homens, em especial, devem optar por filtros solares com textura de gel ou gel-creme que oferecem “toque seco”, que contenham ativos que controlem a oleosidade e diminuem o brilho do rosto (a embalagem informa efeito “mate” ou “matificante”). Como a pele masculina tem muito mais glândulas sebáceas que a feminina, os homens precisam ficar atentos às características do protetor solar descritas nas embalagens.
Outro cuidado importante para quem tem tendência a acne é escolher produtos faciais (filtros solares, hidratantes e cremes antiidade) “não comedogênicos” (essa informação também deve estar no rótulo). Isso significa que têm textura leve e ingredientes menos oleosos, não entopem os poros e provocam comedões, os cravos.
Usar máscara provoca espinhas?
Também tem sido frequente a reclamação do aumento de acne desde o início da pandemia, devido ao uso prolongado de máscaras. “Dependendo do material e do tempo de uso, a máscara pode provocar um quadro inflamatório e aumento da secreção sebácea por causa da oclusão, ou seja, a obstrução da pele”, explica Laís Leonor, dermatologista da clínica Dr. André Braz, no Rio de Janeiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Mas não só. “Estresse, consumo excessivo de alimentos com alto índice glicêmico e até lavar excessivamente o rosto também contribuem para a piora da acne na quarentena”, afirma a dermatologista Fabiana Seidl, que dirige clínica com seu nome no Rio de Janeiro. “Esses são outros fatores que desregulam a atividade das glândulas sebáceas do rosto, aumentando a oleosidade”, completa.
“O estado emocional contribui para o surgimento ou agravamento dos casos de acne na pandemia porque quando estamos estressados ou ansiosos liberamos uma quantidade maior de cortisol. Essa substância estimula a produção de hormônios que estimulam a produção de sebo”, diz Fabiana.
Alguns alimentos pioram a acne?
Estudos científicos apontam que a alimentação desequilibrada também pode piorar a acne, segundo Mariana Corrêa, dermatologista com atuação em Brasília e Belo Horizonte, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Um estudo americano de 2020 mostrou aumento da produção de sebo pela pele com a ingestão de alto índice glicêmico (açúcares e os carboidratos simples, de massas e pães de farinha branca), comidas gordurosas e, em alguns pacientes, também os derivados de leite”, explica Mariana.
“Com certeza uma dieta saudável é importante no controle da acne, por trabalhar a saúde de dentro para fora”, diz a médica. Ela recomenda o consumo de uva (rica em resveratrol, importante antioxidante); frutas vermelhas e tomate (também ricos em antioxidantes); abacate (contém vitaminas A, D e E, boas para a pele); aveia (rica em silício e zinco, com ação antioxidante e de controle da oleosidade); chia (rica em ferro e antioxidantes); cúrcuma e gengibre (que têm ação antiinflamatória).
Cuidados antiacne no verão
Para evitar a acne no verão, siga os cuidados com a pele recomendados pelos dermatologistas:
- Lave o rosto com sabonete facial específico antiacne. Por conter ativos como ácido salicílico e enxofre, com ação anti-inflamatória, bactericida e cicatrizante, ele remove impurezas, controla a oleosidade, desobstrui os poros e melhora a aparência geral da pele.
- Evite lavar o rosto várias vezes por dia. Limite-se a duas ou, no máximo, três lavagens diárias. A limpeza excessiva (mesmo só com água) retira a proteção natural da pele e faz as glândulas sebáceas trabalharem mais para produzir sebo.
- Não esprema as espinhas — pode resultar na formação de manchas ou cicatrizes definitivas. Nas lesões maiores, você pode aplicar, à noite, um gel secativo.
- Hidrate o rosto, depois de lavar, com gel ou sérum antiacne que controle a oleosidade da pele. Ele evita que as glândulas sebáceas trabalhem ativamente para compensar o ressecamento provocado pelo sabonete, piorando a oleosidade. e diminui o brilho do rosto.
- Faça limpeza de pele uma vez por mês ou a cada 40 dias em clínica dermatológica ou de estética. Na limpeza, o profissional extrai cravos que podem virar espinhas, faz esfoliação retirando células mortas e higieniza a pele usando um aparelho de alta frequência, à base de ozônio, que ajuda na cicatrização das espinhas existentes.
- Aplique máscara no rosto uma vez por semana. As máscaras faciais limpam profundamente a pele porque têm substâncias que absorvem o excesso de oleosidade. Desobstruem os poros, ajudam a controlar o excesso de sebo e a diminuir cravos e espinhas
- Se seu problema for crônico e você já saiu da adolescência há muito tempo, o ideal é procurar um dermatologista. Em casos menos graves, ele pode indicar limpeza de pele e prescrever medicamentos tópicos em forma de cremes (em gel). Para os casos mais graves, porém, o tratamento quase sempre inclui antibióticos e anti-inflamatórios via oral.
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