Os treinos que fazemos na academia nasceram na Grécia Antiga

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Na busca da excelência física, os gregos desenvolveram há 2.500 anos métodos de treino de ganho muscular, força e velocidade que até hoje são usados nas academias.

Homem No Espelho - treino dos gregos

Por Wilson Weigl

Sabia que praticamente tudo que a gente faz hoje na academia já era feito na Grécia Antiga há 2.500 anos? Na busca da excelência física, os gregos desenvolveram métodos de aumento de massa muscular, força e velocidade que são adotados até hoje.

Muitos séculos antes de Cristo os gregos aperfeiçoavam o preparo físico em modalidades como corrida, esportes de combate e musculação (usando pesos de pedra ou metal) e já conheciam os princípios das rotinas de treino divididas em aquecimento, exercícios e descanso. Também já aplicavam o princípio da “sobrecarga”, o aumento gradual dos pesos para gerar hipertrofia e aumento de força. 

As práticas eram funamentadas apenas em experiência e observação, sem nenhuma base científica, inexistente naquele tempo, mas o treinamento dos atletas era acompanhado com grande interesse pelos médicos, a fim de estudar a anatomia e o funcionamento do corpo.

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Basta observar o shape das esculturas gregas que foram preservadas. Os corpos esculpidos em mármore e bronze até hoje influenciam nossas percepções de beleza e perfeição, apesar de que nos dias atuais podem ser interpretados como padrões estéticos inalcançáveis. Para os gregos, porém, as estátuas exaltavam não só os ideais de beleza da época, mas também o potencial do corpo para desenvolver aptidões como eficiência, destreza e coordenação. A forma física era um ideal a ser perseguido não só na arte, mas no cotidiano.

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Os escultores eram mestres na reprodução dos músculos e na captura do movimento revela que naquela época já havia grande conhecimento de anatomia e mecânica corporal. Algumas das esculturas mais famosas, como o Discóbulo, são ícones da representação do corpo em plena ação.

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Na Grécia, a figura humana era vista como um reflexo do divino e o culto ao corpo alcançava uma dimensão quase sagrada. Para os homens, porém, o aperfeiçoamento físico não era apenas um objetivo estético, mas um dever cívico. A Grécia tinha necessidade de formar cidadãos fisicamente aptos para combater nas frequentes guerras entre as nações e até entre suas próprias cidades rivais, como Atenas e Esparta.

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Muito cedo os meninos eram introduzidos nos exercícios físicos, que tinham grande importância em sua educação. Além de incentivar o desenvolvimento físico e mental dos pequenos cidadãos, a meta era capacitar futuros competidores e soldados. Os garotos participavam de atividades como luta e corrida e os que se destacavam eram selecionados para receber treinamento especial.

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 A diferença em relação aos dias atuais é que os gregos acreditavam que o aperfeiçoamento do corpo e da mente deveriam andar juntos. A atividade atlética era vista como uma forma de sabedoria (“sophia”) comparável a filosofia, matemática ou astronomia. Então fazia sentido que o desenvolvimento dos músculos e do cérebro fosse feito no mesmo lugar.
 

O ginásio (“gymnasium”), local público destinado aos exercícios físicos, também era um centro onde os homens se reuniam para socializar e se envolver em atividades intelectuais e discussões filosóficas. Os ginásios dispunham de bibliotecas e salas de aula e, além dos atletas e treinadores, eram frequentados por eruditos, músicos, poetas e oradores.

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O espaço central onde se treinava era um pátio de areia chamado “palestra” (palavra que hoje significa conferência ou aula sobre tema cultural ou científico). O ginásio também contava com espaços para banhos e salas de massagem e disponibilizava equipamentos como sacos, pesos e cordas.

Roupas eram desnecessárias. Os gregos se exercitavam peladões, com tudo à mostra (com certeza um perigo para as partes baixas). A nudez incentivava a apreciação estética do corpo masculino e ao mesmo tempo homenageava os deuses. Da palavra “gymnos” (“nu ou despido”) deriva “gymnádzein”, que significa “treinar ou exercitar-se nu”. É também de onde surgiu o termo ginástica (“gymnastiké”) representando exercícios executados de forma ordenada. 

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A principal exigência imposta pelos instrutores aos atletas era disciplina — naquela época já sabiam que empenho e dedicação são fundamentais para alcançar qualquer meta de desenvolvimento corporal.

Os gregos treinavam com intensidade e foco ferozes. Um evento que expressava a essência de “ir com tudo” era o “pankration”, uma modalidade de luta brutal, precursora do MMA (artes marciais mistas), mas com ainda menos regras. O nome significava “todo o poder”, e muito pouco estava fora dos limites naquele esporte aterrorizante. Só não era permitido morder, arrancar os olhos ou acertar os órgãos genitais do oponente.

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Os primeiros Jogos Olímpicos foram realizados no século 8 a.C. na cidade de Olímpia (daí o nome) e neles competiam as várias cidades-estado da Grécia. As provas eram exclusivamente masculinas e destacavam corrida, pentatlo (evento de 5 modalidades, salto, arremesso de disco e dardo, corrida e luta), “pankration”e disputas a cavalo.

Não havia maior glória para um atleta do que a vitória nos Jogos Olímpicos, uma garantia de fama, considerada uma espécie de imortalidade. Após a morte, o atlcampeão seria lembrado com orgulho por seus descendentes, amigos e sua cidade.

Homem No Espelho - treino dos gregos - jogos olímpicos

O prêmio para os campeões olímpicos se resumia a uma coroa de ramos de oliveira, colhidos de uma árvore sagrada dos jardins de Zeus, divindade máxima da Grécia, mas a cidade natal do vitorioso também poderia conceder-lhe uma recompensa em dinheiro ou bois. Para imortalizar sua façanha, o herói também podia encomendar versos a um poeta ou uma escultura a um artista.

Os princípios de treino que os gregos já conheciam

Os gregos já dividiam os treinos em aquecimento, séries de exercícios e descanso, como hoje são feitos nas academias. Havia planos de exercícios gerais para os cidadãos comuns e outros diferenciados para os atletas profissionais. Entre as variáveis, havia treinos de corpo inteiro (os atuais “full body”), isolados para os diferentes grupos musculares ou, ainda, específicos para esportes de competição.

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Já se conhecia e praticava exercícios de alto e baixo impacto, circuitos (sequências de exercícios) e treinos intervalados (que alternam exercícios explosivos com períodos de descanso). 

Treinos com o peso do corpo

Também nasceu na Grécia antiga a calistenia, modalidade que usa somente o peso do corpo, sem equipamentos extras, para aprimorar força, equilíbrio, consciência corporal e flexibilidade. O nome vem das palavras gregas “kallos”, que significa beleza, e “sthenos”, força, duas qualidades que os gregos consideravam inseparáveis.

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O objetivo dos exercícios de calistenia era desenvolver um corpo forte e funcional por meio de movimentos harmoniosos, mas a prática também fazia parte da preparação militar.

A corrida e o exercício cardiorrespiratório

Cidadãos aptos na corrida, em ótima forma física, eram necessários não apenas como competidores em provas, mas como mensageiros que, como correios, percorriam quilômetros entre as cidades como único meio de comunicação a longa distância.

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Os gregos conheciam bem a importância do exercícios cardiorrespiratórios no desenvolvimento dessa competência. Os treinos de velocidade eram feitos na areia, onde era mais difícil correr rápido, o que garantia eficiência em terrenos mais fáceis.

Segundo uma lenda, em 490 a.C o soldado ateniense Fidípides percorreu em 2 dias os mais de 200 km de terreno acidentado da planície de Maratona, entre Atenas e Esparta, e morreu de exaustão após dar a notícia de que o exército persa havia sido derrotado pelos gregos. Sua façanha é considerada origem da prova olímpica batizada de maratona, introduzida em 1896.

A importância do descanso

Os gregos não somente conheciam técnicas de treinamento como também sabiam que negligenciar o descanso poderia ser fatal para a construção muscular. Quando os atletas não estavam treinando, descansavam, pois repouso e sono faziam parte da disciplina. As rotinas incluíam dias de intervalo entre treinos e os ginásios ofereciam alongamentos, exercícios de respiração e massagens para a recuperação dos músculos.

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Banhos de sol eram recomendados não apenas para desenvolver resistência ao calor e atuar em competições ao ar livre, mas também porque os raios solares eram considerados benéficos para a saúde.

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