Como anda sua relação com a comida na quarentena?

O isolamento está nos levando a comer para compensar o tédio, a solidão e a ansiedade. Conheça os vários tipos de “fome” para restabelecer uma relação saudável com a comida.

Modelo: Edu Rodrigues / Foto: Antônio Carlos

Por Wilson Weigl

Estamos sozinhos. Entediados. Tristes. Ansiosos. Deprimidos. Nesta época de isolamento, nosso estado emocional anda fora de controle, cheio de altos e baixos. Muita gente anda apelando para a comida para preencher as horas de frustração e tédio, o que em geral leva ao excesso. É um tal de se entupir de porcarias, atacar a geladeira, beliscar o dia inteiro, passar o tempo comendo na frente da TV e do videogame.

Por mais que a gente queira manter uma alimentação saudável e regrada, é difícil ter força de vontade e não sucumbir à tentação de preencher o vazio emocional com as coisas que temos mais à mão nessas horas: salgadinhos, chocolate, doces, bolos, biscoitos.

Para retomar uma relação tranquila com a comida neste momento, que tal prestar mais atenção em como você anda se comportando em relação ao apetite? “Existem vários tipos de ‘fome’ e é importante entendê-las para fazer a distinção. Assim fica mais fácil lidar com as sensações e com as reais necessidades do corpo, com tranquilidade e sem culpa”, diz a nutricionista Adriana Stavro, especializada em nutrição funcional, bem- estar e emagrecimento.

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“A fome nem sempre é fisiológica e pode se manifestar por razões psicológicas ou comportamentais”, explica Adriana. “Nesse momento que estamos vivendo, a necessidade e a vontade de comer, que são coisas diferentes, estão diretamente ligadas ao nível de estresse”, completa.

A nutricionista explica a diferença entre os dois tipos de fome:

fome fisiológica é a fome física, que precisamos satisfazer para sobreviver, fornecendo ao corpo os nutrientes necessários para desempenhar suas funções vitais. A fome fisiológica que se estende por muito tempo sem ser satisfeita pode causar sintomas como fraqueza, dor no estômago, tontura, dor de cabeça, irritação e falta de concentração.

fome psicológica não tem relação com as as necessidades do organismo, mas sim com nosso estado mental. Está diretamente ligada as nossos desejos, sentimentos e emoções. Essa fome “emocional” se manifesta em três formas diferentes:

• A vontade;
• A fome social;
• A fome emocional;

Vontade: o desejo irresistível de comer

Diferente da fome fisiológica, a vontade se manifesta mesmo se não estamos com fome. Vemos um bolo de cenoura em um programa qualquer de culinária da TV. Imediatamente lembramos do bolo que nossa avó fazia. Podemos ter acabado de fazer uma refeição, estar plenamente saciados, mas sempre arranjamos um espaço para a vontade de comer. E se não comermos naquela hora, provavelmente vamos ficar pensando no bolo o dia todo. “A vontade é algo bem específico, você sabe exatamente o que quer comer e qual sabor quer sentir”, salienta a nutricionista.

Fome social: a comilança coletiva

A fome social é aquela que sentimos em festas, confraternizações, reuniões com amigos e familiares. É o sentimento de compartilhar o alimento, de ter uma conversa gostosa enquanto comemos. Enquanto as outras pessoas comem, a gente segue junto. “Você pode até não estar com fome, mas acaba comendo, porque é instintivo e o ser humano sempre celebrou em torno da mesa”, explica Adriana.

Fome emocional: alívio para a angústia

É quando a comida se torna válvula de escape ou alívio instantâneo para um sentimento – ou uma confusão de sentimentos. Para algumas pessoas a fome aumenta quando estão tristes, ansiosas, irritadas, estressadas, felizes ou entediadas. A fome emocional aparece nos momentos em que achamos que precisamos nos recompensar com algo gostoso por um motivo que abalou nosso estado emocional. Quem nunca disse o termo clássico “eu mereço”? Acreditamos que realmente precisamos comer para tentar resolver nossa angústia interna, segundo a especialista em nutrição.

Geralmente é essa fome emocional que nos leva aos excessos alimentares. “Nossos problemas não vão desaparecer se comermos um pedaço de bolo. Ele pode até trazer uma euforia momentânea, mas não vai melhorar nosso estado psicológico”, diz Adriana Stavro.

“O problema é que o cérebro é esperto, e sabe que a recompensa emocional é maior com alimentos ricos em açúcar e gordura”, continua a especialista. “Dificilmente alguém sente vontade de comer brócolis num momento de tristeza. Vai atacar doces, chocolates, salgadinhos, que proporcionam uma experiência altamente gratificante no circuito de recompensa cerebral”. Para saber mais porque comemos alimentos que, além de pouco saudáveis, se tornam viciantes, levando à perda de controle que nos faz comer sem parar, leia o post aqui.

A nutricionista Adriana Stavro explica que é importante criar táticas para afastar o pensamento da comida nos momentos em que estamos mais vulneráveis à tentação de atacar a geladeira, mesmo estando com a fome fisiológica satisfeita. E, também, deixar de usar a comida para preencher o tempo. “Ouça música, leia um livro, medite, organize seu armário, inscreva-se num curso online, enfim, dedique-se a uma atividade que afaste sua mente da comida”, finaliza.

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